Governo colombiano e Farc assumirão responsabilidade por vítimas de conflitos

Ponto era um dos mais delicados de uma agenda de seis tópicos em discussão há um ano e meio em Havana

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Por Redação
Atualização:

HAVANA - O governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) concordaram neste sábado, 7, em assumir a responsabilidade pelas vítimas do conflito interno, dando um impulso para as negociações de paz, alguns dias antes do segundo turno das eleições presidenciais.

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Em um comunicado conjunto emitido hoje, em Havana, ambas as partes concordaram em dez eixos que nortearão a discussão das vítimas de meio século de violência. Esse era o quarto dos seis pontos da agenda discutida nas conversas mantidas ao longo de um ano e meio em Cuba.

“Qualquer discussão sobre este ponto deve partir do reconhecimento de responsabilidade para com as vítimas do conflito”, disse o texto. “Nós não vamos trocar a impunidade.”

A admissão de responsabilidade pelas Farc poderia ajudar o presidente Juan Manuel Santos, que apostou sua reeleição pelo processo de paz, mas está empatado com seu rival de direita Oscar Iván Zuluaga. A votação será no dia 15. 

O futuro do diálogo com as Farc depende do resultado do segundo turno. Zuluaga tem dito que se ganhar imporá condições para continuar as negociações.

Santos considerou o acordo “histórico e decisivo” para o futuro das negociações de paz. Um feito que, segundo ele, permitirá uma comissão de vítimas “exigir seus direitos e justiça”, declarou, durante um ato de campanha em Montería, no Departamento de Córdoba. 

Na lista dos dez pontos-chave da discussão entre o governo colombiano e as Farc sobre esse tema estão o reconhecimento de responsabilidade, a reparação das vítimas e seus direitos, o esclarecimento da verdade, a garantia de não repetição, o princípio de reconciliação, entre outros. 

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Princípios que, segundo o chefe dos negociadores do governo, o ex-vice-presidente Humberto de La Calle, “não têm antecedentes nem na Colômbia, nem em nenhum lugar em um processo de paz”. “O que estamos anunciando hoje (ontem) é um passo histórico”, disse a jornalistas, em Havana. 

O número dois da guerrilha e líder de sua equipe negociadora, Iván Márquez (Luciano Marín Arango), também comentou o acordo. “As vítimas não são só as do confronto armado e dos erros da guerra. As políticas econômicas e sociais são os piores motivos porque têm causado a maioria das mortes na Colômbia”, afirmou. 

Alguns representantes das vítimas do conflito colombiano devem ir à Cuba, ainda sem data definida, com propostas para a conclusão do processo de paz. 

O conflito de meio século entre as forças do governo, guerrilheiros e paramilitares deixou mais de 200 mil mortos e milhões de desalojados na Colômbia. As delegações não especificaram a data em que o diálogo será retomado em Havana./ EFE e REUTERS

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