SANTO DOMINGO - O governo de Nicolás Maduro acusou na quinta-feira 18 a oposição de usar a morte do ex-policial Óscar Pérez, morto nesta semana em operação das forças de segurança do país, como desculpa para frear as negociações que mantêm para a eleições presidenciais deste ano.
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"Lamentavelmente, a oposição não compareceu hoje, recorrendo a desculpas fúteis", disse Jorge Rodríguez, principal negociador de Maduro, em uma declaração em Santo Domingo, capital da República Dominicana, depois de se reunir com os que estão acompanhando as conversas que buscam uma saída para a grave crise política e socioeconômica da Venezuela.
Os representantes da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) decidiram não participar da rodada de negociações com o governo em razão das declarações de um alto funcionário sobre sua suposta colaboração para localizar Pérez e pela ausência de dois dos cinco chanceleres acompanhantes.
"Sucubem a pressões daqueles que se negam à uma saída eleitoral na Venezuela, daqueles que querem boicotar a próxima eleição presidencial", afirmou Rodríguez, apontando como "fatores" os EUA e governos críticos a Maduro.
As tensões aumentaram depois que o ministro de Interior, Néstor Reverol, disse que os líderes opositores deram informação durante "os diálogos de paz" sobre o paradeiro do ex-policial que se rebelou contra Maduro em meio a uma onda de protestos que deixaram mais de 120 mortos entre abril e julho de 2017. A MUD qualificou essas declarações como "irresponsáveis" e "falsas".
Rodríguez defendeu as ações contra Pérez, descartando as denúncias de uma "execução extrajudicial", e disse à imprensa que o ex-agente tinha planos para assassinar Maduro e pessoas próximas, como o ministro de Defesa, Vladimir Padrino.
A aliança opositora exige, entre outros pontos, condições justas para a corrida presidencial, quando Maduro tentará a reeleição. Rodríguez afirmou que já está pronto "um projeto de acordo" que inclui "extensas garantias eleitorais".
As eleições presidenciais estão previstas para o fim do ano, mas os líderes opositores e analistas consideram que elas poderiam ser adiantadas pelo governo para aproveitar as divisões na aliança. Alguns adversários de Maduro consideram o diálogo uma "traição" aos mortos nas manifestações. / AFP