BERLIM - Grupos judeus na Europa e nos EUA expressaram alarme no domingo 24 com o sucesso do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) nas eleições parlamentares e instaram outros a não formarem uma aliança com ele.
As primeiras projeções deram à AfD 13,5% dos votos, permitindo ao AfD entrar para o Parlamento alemão pela primeira vez, como o terceiro maior partido. A extrema direita não era representada desde os anos de 1950, um reflexo dos esforços alemães para se distanciar dos horrores do Holocausto.
Ronald Lauder, presidente do Congresso Judaico Mundial, com base em Nova York, chamou a chanceler alemã, Angela Merkel, de “uma amiga verdadeira de Israel e do povo judeu” e criticou a vitória da AfD num tempo em que o anti-semitismo está aumentando ao redor do globo.
“É abominável que o partido AfD, um movimento reacionário vergonhoso que repete o pior do passado da Alemanha e deveria ser proibido, agora tenha a habilidade de promover sua plataforma vil no parlamento alemão”, disse Lauder.
O AfD, que aumentou nos dois anos desde que Merkel deixou as fronteiras abertas para mais de 1 milhão de imigrantes - a maioria fugitivos da guerra no Oriente Médio -, disse que a imigração compromete a cultura da Alemanha, mas nega que seja racista ou antissemita.
O Congresso Judaico Europeu instou os partidos centristas a cumprir seus votos para evitar formar coalizões com a AfD. “Algumas das posições que adotou durante a campanha eleitoral exibem níveis alarmantes de intolerância não vistos na Alemanha há muitas décadas e, claro, são de grande preocupação para os judeus alemães e europeus.”
O Conselho Central dos Judeus na Alemanha disse que os resultados das eleições confirmaram seus piores medos e pediu que outras partes permaneçam unidas para se opor à AfD. “Um partido que tolera o pensamento extremista de direita em suas fileiras e incita o ódio contra as minorias agora será representado no Parlamento e em quase todas as legislaturas estaduais”, afirmou o presidente do grupo, Josef Schuster, em um comunicado. “Espero que nossas forças democráticas exponham a verdadeira natureza do AfD e suas promessas populistas vazias.”
A Alemanha, que abriga hoje cerca de 200 mil judeus, construiu uma reputação nas últimas décadas como um lugar seguro para eles, mas dados oficiais mostram que crimes antissemitas aumentaram 4%, para 681 nos primeiros oito meses de 2017 em relação ao mesmo período do ano anterior. / REUTERS