Guerra custou 100.000 vidas iraquianas, diz estudo

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Por Agencia Estado
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Uma pesquisa sobre as mortes entre famílias iraquianas estima que até 100.000 pessoas podem ter morrido no país nos 18 meses que se seguiram à invasão americana, para além da taxa de mortalidade normal do Iraque. Não existe uma contagem oficial do número de iraquianos mortos desde o início do conflito, mas estimativas de grupos não-governamentais ficam entre 10.000 e 30.000. Até ontem, 1.081 soldados dos EUA tinham sido mortos, de acordo com o Departamento de Defesa americano. Os pesquisadores responsáveis pelo estudo sobre a morte no Iraque, publicado na revista médica britânica Lancet, reconhecem que os dados que servem de base à estimativa têm "precisão limitada", porque a qualidade da informação depende das entrevistas usadas no estudo. Os entrevistadores foram, na maioria, médicos iraquianos. A pesquisa indica que violência conta pela maioria das mortes que superam a taxa normal, e que bombardeios realizados por americanos e aliados causaram a maioria das mortes violentas, dizem os pesquisadores. "A maioria dos indivíduos declarados mortos por forças da coalizão é de mulheres e crianças", diz o texto. Para realizar a pesquisa, foram visitados 33 bairros espalhados por todo o país em setembro. Das 988 residências visitadas, 808, compostas por 7.868 pessoas, concordaram em participar. Em cada uma delas foi perguntado quantas pessoas vivem lá, quantas nasceram e quantas morreram desde janeiro de 2002. Antes da guerra, as residências enfrentaram 46 mortes. Depois da invasão, 142. Isso é um aumento de 5 mortes por mil habitantes ao ano para 12,3 por mil. No entanto, mais de um terço das mortes após a invasão foram informadas a partir de um conjunto de residências em Faluja, cidade sob forte bombardeio e palco de violentos combates. Os números, portanto, podem estar distorcidos em relação a uma média real. No entanto, mesmo quando os pesquisadores fizeram as contas excluindo os dados de Faluja, a taxa de mortalidade fica em 7,9 por mil. Mesmo sem levar Faluja em consideração, os dados "indicam que a taxa de mortalidade associada à invasão é muito superior a 100.000 pessoas, e pode ser muito maior", segundo a pesquisa.

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