PARIS - Ao menos 814 trabalhadores de saúde morreram desde o início da guerra na Síria, há seis anos, com a intensificação dos ataques contra centros médicos em 2016, principalmente por parte das forças pró-governo, segundo um relatório divulgado nesta quarta-feira, 15.
O governo sírio e seu aliado russo tiveram como alvo as equipes médicas, deixando "centenas de trabalhadores mortos, presos ou torturados", denunciou o estudo publicado na revista britânica The Lancet. "Centenas de centros foram atacados de forma deliberada e sistemática".
"O ano passado foi o mais perigoso para o profissionais da saúde na Síria", destacou um de seus autores, o médico Samer Jabbur, da universidade americana de Beirute.
O número de ataques contra centros de saúde passou de 91 em 2012 para 199 em 2016, dos quais 94% foram realizados pelo "governo sírio e seus aliados, incluindo a Rússia", afirma o relatório.
O documento destaca o caso do hospital Kafr Zita Cave, em Hama, bombardeado 33 vezes desde 2014, e do centro subterrâneo M10 situado na parte leste de Alepo, atacado 19 vezes em três anos, antes de ser completamente destruído em outubro.
"Com o tempo, os ataques se tornaram mais frequentes, mais flagrantes, estendendo-se para áreas mais vastas", assegurou Jabbur.
O estudo foi realizado por especialistas das universidade de Beirute, Grã-Bretanha e EUA, assim como pela Sociedade Médica Americana-Síria e a ONG Multi-Aid Programs.
Um total de 782 trabalhadores de saúde morreram entre março de 2011 e setembro de 2016, dos quais 55% foram vítimas de bombardeios, 23% de tiroteios, 13% de tortura e 8% de execuções.
A guerra também forçou a fuga de metade da equipe médica, ou seja, de mais de 15 mil pessoas entre 2011 e 2015. Na parte leste de Alepo, resta apenas um médico para cada 7 mil habitantes.
Segundo os autores do estudo, a guerra síria "revelou lacunas" na reação das organizações internacionais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), que contabiliza os ataques, mas não cita os responsáveis. / AFP
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