Hamas amplia ofensiva e ganha terreno na Cidade de Gaza

Grupo islâmico consolida controle sobre boa parte da faixa costeira palestina

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Por redacao
Atualização:

O grupo islâmico palestino Hamas ampliou sua ofensiva contra posições do partido laico Fatah nesta quarta-feira, 13, ganhando terreno sobre parte significativa da Cidade de Gaza, o principal centro urbano da região. Combatentes ligados ao Hamas utilizaram foguetes e morteiros para atacar as principais bases das forças de segurança do Fatah e o complexo presidencial, fazendo com que muitos militantes do grupo rival fugissem. Com os combates se espalhando por praticamente toda a Faixa de Gaza, moradores da região foram obrigados a se manter trancados em casa para evitar o risco das balas perdidas. Pelo menos 15 palestinos morreram e outros 64 ficaram feridos só nesta quarta-feira, informou o Ministério da Saúde palestino. Já são 59 mortos desde o recrudescimento dos embates, na segunda-feira. Mais cedo nesta quarta-feira, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, do Fatah, classificou o conflito como uma "loucura" e pediu que o líder exilado do Hamas, Khaled Mashaal, dê um basta na violência. Membros das forças de segurança ligadas ao Fatah, por sua vez, criticaram o presidente, dizendo que foram abandonados por ele. Acordo No início da noite, Abbas e o primeiro-ministro palestinos e líder do Hamas, Ismail Haniyeh, publicaram uma declaração conjunta pedindo que ambos os lados "dêem um basta na violência e retornem à linguagem do diálogo e do respeito aos acordos". Essa não é a primeira vez que os dois líderes pedem um fim para os confrontos. Em outras ocasiões, entretanto, os apelos não tiveram efeito. Inicialmente, o anúncio foi interpretado como um cessar-fogo, e a TV Palestina chegou a anunciar que os dois grupos haviam concordado em suspender os combates. Momentos mais tarde, entretanto, uma rádio ligada ao Hamas informou que os dois líderes estiveram em contato, mas não chegaram a um acordo. Segundo o jornal israelense Haaretz, um porta-voz do Hamas ofereceu um cessar-fogo condicionado ao Fatah. A proposta prevê que Abbas entregue o controle de todas as forças de segurança palestinas ao Ministério do Interior, que atualmente é controlada por Haniyeh. "(Mediadores egípcios) receberam a proposta e prometeram apresentá-la a Abbas. A bola agora está na quadra dele. O Hamas não acredita em condições impossíveis, e se há sérias intenções de resolver essa crise, estaremos abertos para ouvi-los", disse o porta-voz do Hamas Sami Abu Zuhri, segundo o Haaretz. Desespero Independentemente das palavras das lideranças, o foco da disputa pelo poder nesta quarta-feira estava nas mãos das milícias palestinas. Homens do Hamas neutralizaram pontos controlados por forças de segurança ligadas ao Fatah, dominando a maior parte das ruas de Gaza. A situação para os militantes do partido laico estava tão ruim que 40 membros das forças de segurança leais a Abbas atravessaram a fronteira da cidade de Rafah em direção ao Egito, atrás de proteção. Em Washington, a Casa Branca condenou os embates. "A violência certamente não serve aos interesses do povo palestino, e não trará a paz e a prosperidade que eles merecem", disse o porta-voz do governo Bush, Tony Snow. Em um dos episódios mais dramáticos desta quarta-feira, centenas de membros do clã Bakr, aliado do Fatah, entregaram-se ao Hamas após dois dias de duros combates. Após a rendição, os combatentes foram levados a uma mesquita. Segundo testemunhas, duas mulheres que tentaram deixar a área para levar uma criança ao hospital foram atingidas e mortas por atiradores do Hamas. Estratégia Com o controle de boa parte da Faixa de Gaza, o Hamas capturou nesta quarta-feira a cidade de Khan Younis, no sul do território, e iniciou ataques coordenados à cidade de Rafah. Nesta tarde, ataques também foram lançados contra os três principais complexos das forças leais ao Fatah na Faixa de Gaza - os quartéis-generais da Segurança Preventiva, do Serviço de Inteligência e da Força Nacional. Homens do Hamas tomaram os telhados dos edifícios próximos aos complexos e obstruíram as estradas que levam ao local para impedir a chegada de reforços. Atiradores também atiraram contra o escritório e casa de Abbas na Faixa de Gaza, obrigando seus segurança a contra-atacar. O presidente palestino estava na Cisjordânia no momento do embate. Texto ampliado às 18h54

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