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Hillary e Sanders apoiam medida que permite processar sauditas pelo 11/9

Em luta pelos votos nas primárias do Estado hoje, pré-candidatos democratas entram em rota de colisão com política externa de Obama

Por Cláudia Trevisan e Nova York
Atualização:

 A campanha pelos votos de Nova York colocou os dois candidatos democratas à presidência dos EUA em rota de colisão com o governo de Barack Obama em um dos mais delicados temas de política externa enfrentados por Washington hoje: a possibilidade de parentes das vítimas do 11 de Setembro processarem judicialmente a Arábia Saudita para responsabilizar o país por seu suposto apoio aos ataques. 

Um projeto de lei que abre essa possibilidade ganhou ontem apoio de Hillary Clinton e Bernie Sanders, que tentam se colocar ao lado dos moradores de Nova York na resposta ao maior trauma já vivido pela cidade. O Estado de Nova York realizará hoje as primárias tanto do Partido Democrata quando do Partido Republicano. Apresentada pelo senador Chuck Schumer, a proposta sobre os sauditas enfrenta ferrenha oposição da Casa Branca.

Hillary participa de comício em Nova York, na véspera de primárias democrata e republicana Foto: Justin Sullivan/AFP

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A Arábia Saudita nega qualquer envolvimento nos atentados. A comissão do Congresso que investigou o 11 de Setembro concluiu que o ataque não contou com financiamento de altas autoridades sauditas nem do governo “como instituição”. Mas 28 páginas das conclusões do grupo continuam sob sigilo. 

Segundo o New York Times, a Arábia Saudita informou à Casa Branca e ao Congresso dos EUA que terá de se desfazer de US$ 750 bilhões em ativos americanos caso o projeto de lei seja aprovado. A medida teria o objetivo de evitar o risco de sequestro de bens para pagamento de eventuais indenizações.

A declaração de apoio à proposta pelos dois candidatos à presidência de seu partido chega em um mau momento para Obama. Na quarta-feira, ele visitará a Arábia Saudita para discutir a relação dos EUA com um de seus principais aliados no Oriente Médio.

Prévias. Em uma disputa acirrada pelos delegados de Nova York, os candidatos democratas e republicanos intensificaram ontem suas campanhas no Estado, em busca da consolidação de suas lideranças ou de surpresas que desmintam as previsões das pesquisas eleitorais.

Em segundo lugar na corrida democrata, Sanders aposta em uma virada que elimine ou reduza a vantagem de Hillary Clinton na base política que a elegeu duas vezes para o Senado.

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Donald Trump é o favorito entre os republicanos nas primárias que serão realizadas hoje e trabalha para conquistar uma fatia superior a 50% do eleitorado. O resultado ampliaria sua vantagem na contagem de delegados e o deixaria mais próximo de obter os 1.237 representantes necessários para garantir sua nomeação como candidato do partido à Casa Branca.

Nova York tem o quarto maior número de delegados do país e terá a primária mais competitiva em décadas. Normalmente, o processo interno de seleção dos partidos já está definido quando a disputa chega ao Estado. Em uma situação inédita, três dos cinco candidatos são nova-iorquinos por nascimento ou opção. Trump cresceu no Queens e vive em Manhattan, enquanto Sanders passou a infância no Brooklyn.

Hillary adotou o Estado no fim do mandato presidencial de seu marido, Bill Clinton, e foi eleita para dois mandatos consecutivos como senadora desde 2001. 

Dono do restaurante Malagueta, no Queens, o brasileiro Herbert Gomes pretende votar em Hillary hoje – mesma posição expressada por 54% dos entrevistados em pesquisa de intenção de voto. “O período do governo de Bill Clinton foi o mais feliz para mim, com uma ótima situação na economia”, que vive na cidade há 22 anos.

O cineasta brasileiro Miguel Silveira dará seu voto a Sanders e afirma que não votará em Hillary nas eleições gerais de novembro, caso ela conquiste a nomeação. “Não há mais espaço para o tipo de política que foi praticado nos últimos 50 anos”, afirmou. O senador tem 39% nas pesquisas realizadas no Estado.

Nos EUA há 27 anos, José Aldano Pereira disse que odeia democratas e votará em Trump, que lidera a corrida em Nova York com média de 53% das intenções de voto. Como muitos dos eleitores do candidato, Pereira tem dificuldades em explicar as razões da escolha. “Eu gosto dele."

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