Favorita, Hillary teme baixo comparecimento em eleição geral

Com a candidatura entre os democratas cada vez mais consolidada, ex-secretária de Estado precisa de participação alta contra Trump

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Por Cláudia Trevisan
Atualização:

WASHINGTON- Hillary Clinton está próxima de conquistar a candidatura de seu partido à presidência dos EUA, mas as prévias realizadas até agora mostraram queda na participação dos democratas nas votações, o que pode ser um problema na eleição geral de novembro, quando seu provável adversário será Donald Trump.

O bilionário mobilizou os eleitores republicanos, que votaram em maior número que os democratas na maioria dos 15 Estados que realizaram prévias até agora. O cenário é inverso ao de 2008, quando o então candidato Barack Obama impulsionou a participação dos seguidores de seu partido nas eleições. 

HIllary Clinton discursa para eleitores democratas no Alabama Foto: MARVIN GENTRY|

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Como o voto não é obrigatório nos EUA, a capacidade de mobilização dos votantes é crucial para definir os vencedores. Trump diz que está trazendo novos eleitores para o Partido Republicano, com a atração de independentes e até democratas. 

A disputa interna republicana registrou recorde de participação em todos os Estados da Superterça, com exceção de Vermont. Do lado democrata, o número de eleitores ficou abaixo do de 2008. 

Cal Jillson, professor de Ciência Política da Universidade Metodista do Sul, disse que a dinâmica das prévias não reflete necessariamente o que ocorrerá na eleição geral de novembro. “O público de um espetáculo de circo é sempre maior que o de uma sessão de orações”, observou. Segundo ele, os eleitores estão atraídos pela disputa interna republicana, mais dramática que o tradicional embate entre Hillary e seu adversário, o senador Bernie Sanders.

Com a consolidação da liderança de Hillary nas primárias, sua campanha começou a mirar Trump. Investigadores se dedicam a dossiês contra o bilionário e grupos que apoiam Hillary se preparam para explorar suas declarações depreciativas em relação a mulheres, imigrantes e muçulmanos. 

O problema para a democrata é que Trump é um candidato imprevisível, não convencional, que se projeta mais por sua personalidade do que por suas propostas de governo. O bilionário se comunica por meio de slogans simples, enquanto Hillary é racional e fala de maneira mais sofisticada sobre um detalhado programa de governo. 

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Até agora, Trump se mostrou imune a ataques e manteve sua popularidade apesar de suas declarações bombásticas. “Nós estamos dizendo desde setembro que ele vai se autodestruir e isso não aconteceu, apesar de seus esforços”, disse Ed Rendell, ex-presidente do Comitê Democrático Nacional ao jornal Los Angeles Times. “Ele é um candidato muito difícil.” 

A ex-secretária de Estado ganhou a Superterça com o forte apoio dos negros e dos hispânicos. Pesquisas realizadas depois da votação mostraram que ela liderou entre os eleitores mais velhos e os que valorizam a experiência. Também foi decisiva a percepção de que ela tem mais chances do que o senador de vencer a disputa presidencial. Sanders liderou entre os jovens, entre os que têm posições políticas mais liberais e os que valorizam a honestidade. 

“Que Superterça!”, disse Hillary em discurso na noite de anteontem. “Está claro que as coisas que estão em jogo nessa eleição nunca foram tão importantes. E que a retórica que está sendo usada do outro lado nunca foi tão baixa”, afirmou. A campanha republicana foi marcada nos últimos dias por insultos e comentários depreciativos sobre a aparência física dos candidatos. 

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