Assessores de confiança do ex-ministro libanês Elie Hobeika, assassinado nesta quinta-feira em Beirute, afirmaram nesta sexta-feira que ele tinha gravado os depoimentos que implicam o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, no massacre de 800 a 3.000 palestinos, nos campos de refugiados de Sabra e Chatilla, em 1982. Agente do serviço secreto israelense e chefe da milícia cristã Forças Libanesas durante a guerra civil do Líbano, encerrada em 1990, Hobeika era tido como um dos principais responsáveis pela chacina, cometida sob a indiferença do Exército israelense. Hobeika testemunharia num processo aberto na Bélgica sobre a implicação de Sharon, então comandante das forças de Israel no Líbano, na matança. Políticos libaneses, entre os quais o presidente Emile Lahoud, atribuem o assassinato de Hobeika a uma ação do Mossad, o serviço secreto israelense, para evitar que ele testemunhasse contra Sharon. De acordo com os assessores de Hobeika, ele gravou o depoimento sobre o massacre "em lugar seguro" ao pressentir que sua vida corria perigo. Hobeika morreu quando uma bomba detonada por controle remoto destruiu seu carro. Os três guarda-costas que o acompanhavam também morreram. A ação judicial na Bélgica, fórum competente para o julgamento de crimes de guerra, foi interposta por 23 sobreviventes de Sabra e Chatila. "Hobeika merecia o que recebeu, mas considero uma lástima que ele tenha morrido antes de desmascarar Sharon", declarou Um Ali, de 63 anos, que teve um dos filhos mortos no massacre.