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Imigração, o grande desafio das eleições na Itália

A questão domina a campanha para as eleições legislativas deste domingo, na Itália, com afirmações que nem sempre condizem com a realidade

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Por Redação
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ROMA - A questão da imigração domina a campanha para as eleições legislativas deste domingo, na Itália, com afirmações que nem sempre condizem com a realidade.

Imigrantes em um centro de acolhida da Cruz Vermelha emVentimiglia, na fronteira entre Itália e França Foto: AFP / VALERY HACHE

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 'Há muitos'. Segundo o Instituto Italiano de Estatística (Istat), os estrangeiros com documentos que residem naItália são 5 milhões em uma uma população de 60,5 milhões de habitantes, ou seja, 8%.

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A maioria é de romenos (23%), seguidos por albaneses (9%), marroquinos (8%), chineses (5,5%), ucranianos (4,5%), filipinos (3,3%) e indianos (3%). Trabalham em pequenos negócios, como empregados domésticos ou na agricultura.

Nos últimos quatro anos chegaram 690.000 estrangeiros, em sua maioria proveniente da África Subsaariana. Boa parte deles, cerca de 500.000 segundo estimativas, é de ilegais já que não têm visto.

Cerca de 70% dos italianos consideram este número muito elevado, segundo o centro de estudos Eurispes.

'Custam muito ao Estado'.  De acordo com o centro especializado Idos, os imigrantes legais contribuem para o Estado com entre 2,1 e 2,8 bilhões de euros, muito mais do que recebem com pensões e reembolsos, dado que muitos são relativamente jovens.

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A Itália desembolsou mais de 4,2 bilhões de euros em 2017 para enfrentar o fluxo de imigrantes ilegais. Cerca de 18% foram destinados ao resgate marítimo, 13% para assistência médica e 65% para instalar aqueles que solicitam asilo.

No final de janeiro, 182 mil imigrantes residiam em estruturas privadas da península, distribuídas entre 40% dos municípios, aos quais o Estado compensa com 35 euros por pessoa e por dia.

'Não fazem nada o dia todo'. O Estado italiano demora em média dois anos para analisar uma solicitação de asilo, o que provoca raiva e desconfiança tanto da população local quanto do imigrante. 

Por lei, os imigrantes não podem trabalhar durante este período de tempo. Algumas prefeituras adotaram fórmulas para envolvê-los em atividades, com aulas de italiano, voluntariado, futebol, etc.

Contudo, muitos sentem tédio e quase enlouquecem esperando a resposta. 

'São delinquentes, causam insegurança'. A grande cobertura da mídia de delitos atrozes cometidos ou atribuídos a estrangeiros tem alimentado o vínculo entre imigração e insegurança. Contudo, segundo o Ministério do Interior, o número de delitos na Itália diminuiu nos últimos dez anos, enquanto o número de estrangeiros aumentou consideravelmente. 

Os presos estrangeiros representam atualmente 16% da população carcerária da Itália, segundo o Ministério da Justiça.

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'Conter o fenômeno'. Os candidatos de direita, bem como os do Movimento 5 Estrelas, prometeram conter o fluxo de imigrantes que chegam pelo Mar Mediterrâneo e organizar sua expulsão.

Para conter esse fenômeno que assombra políticos de direita, o governo de centro-esquerda assinou acordos controvertidos com milícias na Líbia, um país altamente instável e denunciado pelos maus-tratos de imigrantes. Graças a estes acordos, as chegadas de imigrantes sofreram redução de 70% em 2017.

O Ministério do Interior também indicou que as expulsões de imigrantes aumentaram, passando de 5.817 em 2016 para 6.514 em 2017. / AFP

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