WASHINGTON - Raramente dois pré-candidatos à presidência dos Estados Unidos liderando as pesquisas de intenção de voto precisaram tanto da ajuda de seus companheiros de chapa quanto Hillary Clinton e Donald Trump parecem precisar. As pesquisas mostram que, apesar de seu sucesso com eleitores em seus respectivos partidos, tanto a democrata quanto o republicano são anormalmente impopulares em todo o país.
Enquanto Hillary enfrenta dificuldades para despertar entusiasmo com sua candidatura e apaziguar os temores do eleitorado a respeito de sua confiabilidade, Trump não consegue bons resultados junto às mulheres e às minorias nas pesquisas.
As fraquezas de ambos ajudam a aumentar a importância dos escolhidos para uma eventual vice-presidência. Caso consigam as indicações de seus partidos, Hillary e Trump terão de escolher alguém com o papel de conseguir apoio em Estados cruciais antes da votação de 8 de novembro.
O nome mencionado com mais frequência para assumir o posto de braço direito da democrata é Julian Castro, secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano, visto como uma estrela em ascensão no Partido.
Castro conta com o apoio de grupos hispânicos, que estão fazendo lobby para elegê-lo, e da Câmara de Comércio Hispânica dos Estados Unidos. Ele, no entanto, é rejeitado por ativistas que o acusam de favorecer firmas de Wall Street na venda de imóveis com muitas hipotecas. Uma petição na internet foi criada para protestar contra sua candidatura.
"Estes ataques contra o secretário Castro são completamente sem fundamento, míopes, e só servem para nos lançar uns contra os outros", disse Cristóbal Alex, presidente do Latino Victory Fund, entidade civil apartidária que vem pressionando pela indicação de um vice-presidente latino.
O estrategista democrata Joe Velasquez, apoiador da ex-primeira-dama, disse que um companheiro de chapa hispânico poderia fazer a diferença nos chamados Estados-chave - aqueles sem preferência partidária clara, como Flórida, Colorado, Nevada e Virgínia, que têm populações hispânicas.
Outro possível parceiro de chapa para Hillary é Tom Perez, secretário do Trabalho dos EUA, mas a decisão da ex-secretária de Estado não é simples, pois nomes como Tim Kaine, senador da Virgínia que é contra o aborto, ou Cory Booker, senador de Nova Jersey que tem ligações profundas com o setor financeiro, também estão sendo cogitados.
Dada a impopularidade de Trump com os eleitores hispânicos, em razão de seus comentários ligando imigrantes ilegais a criminosos, e com a parte moderada do Partido Republicano, a democrata pode querer um vice-presidente que possa conquistar alguns destes públicos. / REUTERS