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Indulto a Fujimori gera onda de demissões no Congresso e no Executivo

Dois legisladores deixaram os cargos, reduzindo ainda mais o número de membros do governo na Casa de maioria fujimorista

Atualização:

LIMA - Após o pedido de demissão do ministro da Cultura, os congressistas peruanos Vicente Zeballos e Gino Costa oficializaram nesta quarta-feira, 27, suas renúncias à bancada do partido governante Peruano Por el Kambio, um ato de rejeição ao indulto humanitário concedido pelo presidente Pedro Pablo Kuczynski ao ex-mandatário Alberto Fujimori.

Presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, vê base governista diminuir no Congresso após conceder indulto a Fujimori. Foto: Guadalupe Pardo/Reuters

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A demissão dos legisladores se somou à do congressista Alberto Balaunde, deixando o partido de Kuczynski com apenas 15 dos 130 membros do Congresso, controlado pela maioria absoluta fujimorista. Zeballos, que até então era o porta-voz da bancada do partido, declarou que a decisão de indulto lhe causou rejeição.

"Embora seja um gesto que, de uma forma ou de outra, tenta mostrar reconciliação, há questões que estão sendo ignoradas. Neste caso, por exemplo, as famílias dos afetados, as reparações. Há muitos temas pendentes na agenda que não foram resolvidos", disse Zeballos a repórteres.

Gino Costa comentou que decidiu renunciar porque não compartilha "da maneira como o indulto foi decidido". "Não compartilho o momento, a velocidade com que foi tramitado", enfatizou antes de afirmar que o indulto é "uma decisão transcendental para a democracia peruana e para os direitos humanos" e, por isso, deveria ser feito mediante processo exaustivo.

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O indulto a Fujimori gerou demissões também do diretor geral de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, Roger Rodríguez, e do secretário da Comissão Multissetorial de Alto Nível sobre paz, reparação e reconciliação, Daniel Sánchez. Da mesma forma, deixaram os cargos a responsável pelo Programa de Reparações Simbólicas dessa comissão, Katherine Valenzuela, e o assessor presidencial Máximo San Roman.

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O presidente do programa estatal Servir, Juan Carlos Cortés, também deixou o cargo, assim como a historiadora Natália Sobrevilla, da Comissão de Bicentenário da Independência. Nesse ambiente, o chefe de Estado fez o juramento do ex-diretor da Polícia, Vicente Romero, como novo ministro do Interior, em substituição de Carlos Basombrío, que renunciou na semana passada depois das denúncias contra Kuczynski. O vice-ministro de Segurança Pública, Ricardo Valdés, também apresentou a renúncia, segundo confirmou fontes oficiais.

Pedro Pablo Kuczynski ao lado do novo ministro do Interior, Vicente Romero (dir.), e Carlos Basombrio (esq.), que renunciou ao cargo. Foto: Guadalupe Pardo/Reuters

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Kuczynski anunciou, posteriormente, que está trabalhando na formação de um novo gabinete de ministros "de reconciliação" depois da crise política que provocou também protestos. Ao menos seis pessoas foram presas nesta quarta-feira durante confrontos entre policiais e manifestantes na cidade de Cuzco.

Organizações civis, sindicatos e partidos políticos opositores convocaram para esta quinta-feira, 28, uma grande manifestação que terá concentração no centro histórico de Lima, capital do Peru. /EFE

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