Irã convoca representante da Embaixada do Brasil em Teerã, afirma Itamaraty

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o teor da conversa é reservado e não será divulgado

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Por Julia Lindner
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BRASÍLIA - O Ministério das Relações Exteriores informou nesta segunda-feira, 6, que a encarregada de Negócios do Brasil em Teerã, Maria Cristina Lopes, foi convocada pela chancelaria iraniana. Segundo o Itamaraty, o teor da conversa é reservado e não será divulgado. O embaixador do Brasil no Irã, Rodrigo Azeredo, está de férias. 

Na semana passada, o principal general iraniano, Qassim Suleimani, foi morto em um ataque ordenado pelo governo dos Estados Unidos. Segundo o presidente dos EUA, Donald Trump, o ataque serviu para "parar" uma guerra, não iniciar uma.

Milhares de iranianos foram às ruas de Teerã, a capital do Irã, na segunda-feira, 6 de janeiro Foto: Khamenei.IR / AFP

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Um dia após o ataque, o Itamaraty divulgou uma nota na qual disse apoiar a "luta contra o flagelo do terrorismo". Na nota, o governo brasileiro condenou um ataque à Embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, cidade onde Suleimani foi morto, mas não condenou a morte do general iraniano.

"Informamos que a Encarregada de Negócios do Brasil em Teerã, assim como representantes de países que se manifestaram sobre os acontecimentos em Bagdá, foram convocados pela chancelaria iraniana. A conversa, cujo teor é reservado e não será comentado pelo Itamaraty, transcorreu com cordialidade, dentro da usual prática diplomática", informou o Ministério das Relações Exteriores nesta segunda-feira.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer, antes de o Itamaraty divulgar a nota, que o Brasil não se manifestaria sobre o assunto por não ter "poderio bélico".

Bolsonaro afirmou ainda que conversaria com autoridades americanas porque os dois países são aliados em muitas questões. "Eu não tenho o poderio bélico que o americano tem para opinar neste momento. Se tivesse, eu opinaria", afirmou o presidente na ocasião.

Nesta segunda-feira, porém, o presidente voltou ao indicar que o Brasil mantém apoio a Trump e a elogiar a relação entre os dois países. "Não faço qualquer crítica contra Donald Trump", declarou em entrevista coletiva. "Não podemos coadunar com terrorismo no mundo", completou.

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Preço do petróleo

Um dos efeitos da crise entre Estados Unidos e Irã foi o aumento no preço do barril de petróleo. No Brasil, Bolsonaro tem afirmado que o governo não vai interferir no preço dos combustíveis, mas que a alta é o que "mais preocupa" neste momento.

Nesta segunda-feira, o presidente se reuniu com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e com o presidente da Petrobrás, Roberto Castelo Branco. Após o encontro, Castelo Branco disse que há "liberdade total" no Brasil para os preços de derivados de petróleo, como os combustíveis.

Já Bento Albuquerque afirmou que o governo estuda medidas para evitar impactos dessas crises externas no mercado de petróleo. Segundo o ministro, o pedido foi feito pelo presidente Bolsonaro após os ataques a refinarias de petróleo da Arábia Saudita, em setembro do ano passado.

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“Acredito que em pouco tempo teremos uma resposta rápida para que o país não fique refém de cada crise de petróleo que acontece no mundo, a gente tem de ter os instrumentos para combater isso. Se o país tiver os instrumentos, as políticas corretas para utilizar, vai dar muita tranquilidade ao mercado, aos investimentos e também aos consumidores”, disse. O ministro, no entanto, não detalhou quais seriam esses mecanismos.

Questionado sobre a possibilidade de um subsídio para compensar a alta do petróleo, Bento afirmou que a opção também está em análise.“Subsídio não seria a palavra adequada. Uma compensação seria a palavra mais adequada”, declarou.

“Temos de criar, talvez, mecanismos compensatórios que compensem esse aumento sem alterar o equilíbrio econômico do país. Que isso não gere inflação, mas também não frustre expectativa de receitas”, afirmou o ministro.

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