LONDRES - O Irã proibiu nesta quarta-feira o uso do popular aplicativo de mensagens instantâneas Telegram por órgãos do governo. De acordo com a mídia iraniana, o gabinete do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, disse que sua conta seria suspensa para “proteger a segurança nacional”.
A agência de notícias Isna não deu uma razão para a proibição do serviço pelo governo, que permite às pessoas enviar mensagens criptografadas e tem 40 milhões de usuários no país, segundo estimativas. A ordem foi dada dias depois de a Rússia – aliada do Irã na guerra civil da Síria – começar a bloquear o aplicativo em seu território, após a repetida recusa da companhia em dar acesso aos serviços de segurança de mensagens secretas dos usuários.
“O governo do Irã proibiu todos os órgãos do Estado de usar o aplicativo estrangeiro de mensagens”, afirmou a Isna. Khamenei parou de usar o Telegram nesta quarta-feira “para a proteção dos interesses nacionais e a remoção do monopólio do aplicativo de mensagens Telegram”, informou a mídia estatal.
O líder supremo tem uma forte presença nas mídias sociais, mesmo no Twitter e no Facebook, que também estão bloqueados no Irã. Seu escritório atualiza as contas com fotos e seus últimos discursos.
O Telegram, criado por um empresário russo e classificado como o nono aplicativo de mensagens móveis mais popular do mundo, tem sido amplamente utilizado pela mídia, por políticos e por empresas estatais iranianas.
Uma autoridade judicial iraniana disse nesta semana que o Telegram e outros serviços estrangeiros de mensagens só poderiam operar no Irã se obtivessem permissão do governo e salvassem os dados dos usuários dentro do país.
O Irã havia bloqueado temporariamente o serviço em janeiro, enquanto forças de segurança tentavam conter protestos contra o governo em mais de 80 cidades. Muitos iranianos, no entanto, continuaram acessando o Telegram, usando redes privadas virtuais (VPNs) e outras ferramentas para contornar a filtragem do governo. O serviço é bastante utilizado em países do Oriente Médio e da antiga União Soviética. / AP e REUTERS