Irlanda descobre corpos de 800 órfãos mortos em orfanato católico

Vítimas de doenças infantis, crianças foram enterradas em vala comum sem funeral adequado

PUBLICIDADE

Atualização:

DUBLIN - Um convento na Irlanda ocultou por décadas centenas de corpos de bebês e crianças pequenas vítimas de doenças infantis nos anos 50. Os restos mortais foram descobertos nesta sexta-feira, 3, pelo governo irlandês.Segundo autoridades locais, mais de 800 órfãos foram enterrados no local no século 20, em meio a altos índices de mortalidade infantil no país. 

Orfanato em Tuam, na Irlanda, tinha vala com centenas de corpos de bebês Foto: Niall Carson/PA via AP, File

PUBLICIDADE

De acordo com uma comissão de juízes que investiga maus tratos em orfanatos na Irlanda, os corpos foram encontrados no condado de Galway. Eles estavam em uma estrutura subterrânea dividida em 20 câmaras, com “quantidades significativas de restos humanos”. Testes de DNA determinaram que a idade dos corpos variava entre 35 semanas e 3 anos. Eles foram enterrados na década de 50. 

Na época, diversos orfanatos católicos abrigavam mães solteiras e seus filhos. Era uma prática comum enterrar os mortos em valas comuns. Também eram frequentes casos de mães separadas dos filhos por pressão social. Algumas crianças eram direcionadas para adoção sem que as mães biológicas soubessem, história narrada no filme Philomena. 

Em 2014, o governo irlandês começou a investigar depois de a historiadora Catherine Corless ter encontrado registros de óbito de 800 crianças do orfanato e apenas um registro de enterro. “Crianças que jogavam futebol ali perto chegaram a encontrar ossos por ali nos anos 70”, disse ela. A Comissária para Infância do governo irlandês, Katherine Zaponne, disse que as evidências são perturbadoras. Um novo enterro deve ser organizado pelo governo. 

A ordem das monjas de Bon Secours administrou o orfanato até 1961 e prometeu colaborar com as investigações. / AP

O filme Philomena retratou o drama de mães que deixaram seus filhos em orfanatos na Irlanda; assista

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.