Israel critica aproximação entre o Hamas e a Autoridade Palestina

Netanyahu diz que só reconhecerá um governo de unidade palestino caso o  braço armado do Hamas renuncie às armas e o grupo rompa com o Irã

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Atualização:

TEL-AVIV - O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, criticou nesta terça-feira,3, o processo de reconciliação entre o Fatah, que controla a Cisjordânia, e o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, cujos líderes se reuniram hoje pela primeira vez em três anos. Netanyahu disse que Israel só reconhecerá um governo de unidade palestino caso obraço armado do Hamas renuncie às armas e o grupo rompa com o Irã, além de reeconhecer o Estado de Israel. 

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"Estamos aqui para virar a página da divisão e restituir ao projeto nacional seu rumo que é a criação de um Estado palestino", declarou o primeiro-ministro do Fatah Rami Hamdallah diante de seus ministros reunidos sob os retratos do líder histórico Yasser Arafat e do atual presidente da Autoridade Palestina, Mahmmud Abbas.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu Foto:

Apesar da prudência alimentada pelo fracasso das tentativas anteriores de aproximação, a visita do primeiro-ministro Hamdallah ontem a Gaza, a primeira desde 2015, deve preparar o terreno para uma transferência progressiva de atribuições - ao menos civis - do Hamas para a Autoridade Palestina.

O Hamas expulsou a Autoridade Palestina de Gaza em 2007, após uma quase guerra civil com o Fatah, seu grande rival que controla a entidade interina surgida dos Acordos de Oslo e  deveria anteceder um Estado palestino independente.

Desde então, a Autoridade Palestina exerce seu poder, limitado, sobre a Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel há 50 anos e separado de Gaza por algumas dezenas de quilômetros através do território israelense.

Unidade

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As disputas palestinas são consideradas um dos principais obstáculos para uma solução ao conflito com Israel e uma das causas dos grandes males que atingem os habitantes de Gaza: guerras, bloqueio israelense e egípcio, escassez de água e eletricidade, desemprego, etc.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já rejeitou nesta terça-feira qualquer tipo de reconciliação entre palestinos, a menos que aconteça um desarmamento do braço armado do movimento islamita Hamas, assim como o fim de suas relações com o Irã e o reconhecimento do Estado de Israel.

"Aos que buscam uma reconciliação, afirmamos que reconheçam o Estado de Israel, desmantelem o braço armado do Hamas e cortem suas relações com o Irã, que pede nossa destruição", afirmou Netanyahu em um comunicado, em referência à tentativa dos grupos palestinos de superarem suas divisões.

Israel e o Hamas travaram três guerras na Faixa de Gaza desde 2008.

"Nós não estamos dispostos a aceitar reconciliações tácitas entre palestinos à custa da nossa existência", disse Netanyahu.

O governo palestino se sentou em Gaza pela última vez no final de 2014, após a última guerra com Israel.

Apesar dos esforços de reconstrução e da insistência da comunidade internacional sobre a necessidade do retorno da Autoridade Palestina à Gaza, a discórdia se sobrepôs.

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Em setembro, o Hamas acabou por aceitar o retorno da Autoridade Palestina sob pressão do Egito e depois que Abbas parou de pagar a conta da eletricidade fornecida por Israel ao território.

Em uma entrevista na segunda-feira à noite, Abbas ressaltou a "determinação de ambas as partes para estabelecer a unidade, sem a qual não haverá Estado palestino".

Uma das questões é saber se o Hamas, com uma Força Armada estimada em cerca de 25.000 homens, está pronto para entregar o controle da segurança à Autoridade.

"Os pontos de passagem (com Israel e o com o Egito), a segurança, os ministérios, tudo deve ser encabeçado pela Autoridade Palestina", disse Abbas, acrescentando que "será um único Estado, um único sistema, uma única lei e uma só arma".

"Para ser mais claro: não aceito reproduzir, ou clonar, a experiência do Hezbollah no Líbano", disse ele, referindo-se a uma situação em que um grupo armado tem uma grande influência na política de um governo.

Tais questões espinhosas serão discutidas pelo Fatah e pelo Hamas nos próximos dias no Cairo.

A reconciliação "exigirá esforços, tempo e trabalho", ressaltou Abbas, enquanto o porta-voz do governo, Youssef Mahmoud, alertou que "não há varinha mágica." / AFP

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