Itália propõe à ONU liderar intervenção militar na Líbia

Governo de Matteo Renzi põe à disposição ao menos 5 mil homens para intervenção terrestre após franquia do EI matar 21 coptas

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Por Andrei Netto
Atualização:
Matteo Renzi, primeiro-ministro da Itália, perdeu o referendo Constitucional e renunciou ao cargo Foto: Herwig Prammer /AP

PARIS - O governo da Itália vai propor ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) uma intervenção militar na Líbia, com envio de tropas terrestres para combater o Estado Islâmico. Roma se propõe a liderar o esforço militar enviando pelo menos 5 mil homens, parte de uma força internacional sob seu comando. O objetivo é evitar a instalação de um "califado" a 350 quilômetros da costa sul da Itália, situação que também preocupa a França e a Grã-Bretanha. A proposta foi revelada um dia depois de jihadistas que juraram lealdade ao Estado Islâmico terem decapitado 21 cristãos coptas egípcios na Líbia. 

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A iniciativa de uma intervenção foi revelada pela ministra da Defesa da Itália, Roberta Pinotti, em entrevista publicada ontem pelo jornal Il Messaggero. Segundo ela, uma coalizão de países europeus e da região seria organizada em torno das tropas terrestres italianas. 

"A Itália está pronta a liderar na Líbia uma coalizão de países da região, europeus e da África do Norte, para parar a progressão do califado que chegou a 350 quilômetros de nossa costa", afirmou. "Nós estamos discutindo há meses, mas agora se tornou urgente." De acordo com a ministra, o Ministério das Relações Exteriores da Itália vai apresentar na quinta-feira ao Parlamento, em Roma, os detalhes da proposta de intervenção. "O risco é iminente, e não podemos mais esperar. A Itália tem exigências de defesa nacional e não pode ver um califado governando na costa oposta.

A ideia é agir dentro "do sistema de legalidade internacional", o que significa passar pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Em 2011, quando do levante líbio contra o ditador Muamar Kadafi, o conselho chegou a aprovar duas resoluções autorizando o uso da força para a defesa da população civil. A decisão abriu o caminho para os bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e para a entrega de armas a milícias rebeldes, passos determinantes para a queda do regime. 

No sábado, em entrevista à rede de TV pública TG1, o primeiro-ministro, Matteo Renzi, já havia exortado a comunidade internacional a agir. "Nós devemos acordar. É preciso uma missão mais forte da ONU. A Itália está pronta, no quadro de uma missão da ONU, a desempenhar seu papel para defender uma ideia da liberdade na região mediterrânea", disse ele, que descartou que haja uma invasão da Líbia pelo Estado Islâmico, mas a adesão de algumas milícias ao grupo terrorista originário da Síria e do Iraque. "A comunidade internacional tem todos os instrumentos a sua disposição se ela quiser intervir. A proposta é esperar pelo Conselho de Segurança", disse o premiê.

Antes de defender a intervenção militar terrestre, o governo italiano - ex-colonizador da Líbia - tomou a precaução de fechar a embaixada de Roma em Trípoli, a última representação ocidental ainda aberta, alegando "insegurança". 

Em comunicado, o presidente da da França, François Hollande, pediu uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para debater a implantação do Estado Islâmico na Líbia. Em nota divulgada após uma conversa telefônica com o presidente do Egito, Abdel Fattah Al-Sissi, o Palácio do Eliseu exortou a comunidade internacional a tomar novas medidas para enfrentar o perigo" de implantação do grupo terrorista no Norte da África.

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