Jordânia enfrenta pressões internas para trocar iraquiana por piloto

A troca, no entanto, vai contra a política da Jordânia em relação a militantes islâmicos e contra o posicionamento de seu principal aliado, os eua, de não negociar com extremistas

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AMÃ - A Jordânia está disposta a trocar uma prisioneira iraquiana envolvida num violento ataque a um hotel em 2005 por um piloto jordaniano capturado em dezembro por extremistas do Estado Islâmico (EI), informou um porta-voz do governo nesta quarta-feira, 28. A troca, no entanto, vai contra a política da Jordânia em relação a militantes islâmicos e contra o posicionamento de seu principal aliado, os Estados Unidos, de não negociar com extremistas. Ela também pode estabelecer um precedente para negociações com o Estado Islâmico, que até então não havia exigido publicamente a troca de prisioneiros.

O governo jordaniano enfrenta pressões domésticas para levar o piloto de volta para casa. Além disso, a participação do país na coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico é muito impopular entre os jordanianos. O porta-voz do governo, Mohammed al-Momani, não disse se a troca vai realmente ocorrer. Ele também não fez menção ao jornalista japonês Kenji Goto, outro refém mantido pelo Estado Islâmico. Esforços para libertar o piloto e o jornalista ganharam urgência com a divulgação, na noite de terça-feira, de um suposto ultimato do grupo, segundo o qual os dois reféns seriam mortos em 24 horas se a mulher iraquiana não for libertada. Nesta quarta-feira, Al-Momani disse que a "Jordânia está pronta para libertar a prisioneira iraquiana Sajida al-Rishawi, se o piloto, tenente Muath al-Kaseasbeh, for libertado ileso". As declarações foram tornadas públicas pela agência estatal de notícias jordaniana Petra.

Mãe do tenenteMoaz al-Kasasbehpede a libertação do piloto jordaniano Foto: EFE

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A Jordânia realiza conversações indiretas com os militantes por meio de líderes religiosos e tribais no Iraque, com o objetivo de garantir a libertação dos reféns. 

O presidente da Comissão de Assuntos Externos do Parlamento jordaniano, Bassam Al-Manasseer, disse que Jordânia e Japão não negociariam diretamente com o grupo Estado Islâmico e não libertariam al-Rishawi apenas em troca do refém japonês. Em Tóquio, a mãe do refém japonês fez um apelo público ao primeiro-ministro do país para que salve seu filho. Junko Ishido leu para os repórteres o apelo que fez a Shinzo Abe, que ela afirmou ter enviado depois de o premiê e o principal porta-voz do governo terem se recusado a recebê-la.Tudo indica que os militantes do Estado Islâmico mataram o outro refém japonês, Haruna Yukawa.

O caso marca a primeira vez que o grupo exigiu publicamente a libertação de uma prisioneira em troca por reféns. Anteriormente, reféns foram libertados em troca do pagamento de resgate, embora os governos envolvidos tenham se recusado a confirmar os pagamentos. A mãe de outro prisioneiro jordaniano, Ziad al-Karboli, disse que sua família foi informada que o Estado Islâmico também quer a sua libertação como parte da troca, mas não estava claro se este fato tem relação com o possível acordo envolvendo o refém japonês.Al-Karboli, auxiliar de um ex-líder da Al-Qaeda no Iraque, foi sentenciado à morte em 2008 por ter matado um cidadão jordaniano. / ASSOCIATED PRESS 

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