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Jornalista que investigava os Panama Papers é assassinada em Malta

Daphne Caruana Galizia, de 53 anos, saía de casa quando uma bomba explodiu seu carro; momentos antes, ela publicou texto em seu blog qualificando a situação como 'desesperadora' e afirmando haver 'criminosos em todos os lugares'

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Por Redação
Atualização:

VALLETTA - Daphne Caruana Galizia, a jornalista investigativa mais conhecida de Malta, morreu nesta segunda-feira, 16, na explosão de seu carro, informou a polícia, em um caso que chocou a pequena ilha do Mediterrâneo.

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Autora de um dos blogs mais populares de Malta, ela revelou a participação de importantes figuras políticas maltesas nos chamados Panama Papers - escândalo mundial de corrupção que envolveu o uso de empresas para esconder dinheiro, divulgado em 2016 pela imprensa de vários países. 

Peritos analisam local da explosão que matou Daphne Caruana Galizia, jornalista investigativa mais conhecida de Malta Foto: AFP

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Entre os envolvidos estavam a mulher do primeiro-ministro, Michelle Muscat, o ministro da Energia do país e o chefe de gabinete do premiê, que teriam offshores no Panamá para receber dinheiro do Azerbaijão. Tanto o premiê, Joseph Muscat, como a primeira-dama negam as acusações.

“Há criminosos em todos os lugares que você olhar agora. A situação é desesperadora”, escreveu Daphne em um post publicado em seu site meia hora antes de uma explosão destruir seu carro. Moradores disseram que ela havia acabado de deixar sua casa e estava em uma estrada próxima à vila de Bidnija, no norte de Malta, quando a bomba detonou, lançando seu carro até um campo adjacente à estrada.

O primeiro-ministro Joseph Muscat denunciou a morte, chamando de um “ataque bárbaro contra a liberdade de imprensa”. Ele anunciou que o FBI, dos Estados Unidos, havia concordado em ajudar a polícia local a investigar o assassinato e disse que especialistas viajariam à ilha assim que possível. 

"O que aconteceu hoje é inaceitável em vários níveis. Hoje é um dia negro para a nossa democracia e nossa liberdade de expressão", disse ele. "Não vou descansar até que justiça seja feita", acrescentou.

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Cerca de 3 mil pessoas realizaram uma vigília silenciosa com velas na noite de segunda-feira em Sliema, próximo a Valletta.

A hashtag “Je Suis Daphne” (Eu Sou Daphne, em tradução livre) circulou amplamente entre usuários de redes sociais na ilha de 400 mil habitantes, o menor Estado da União Europeia.

No início deste ano, o site americano Politico colocou Caruana Galizia entre as "28 personalidades que fazem a Europa avançar", descrevendo-a como um "WikiLeaks inteiro em uma única mulher, que realizou uma cruzada contra a falta de transparência e corrupção em Malta ". / REUTERS e AFP

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