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Jornalistas da 'Reuters' detidos em Mianmar têm pedido de fiança negado

Apesar de advogado de Wa Lone e Kyaw Soe Oo alegar que documentos que a polícia disse ter encontrado com eles tinham informações públicas, juiz alegou que infração, com base na lei de segredos oficiais do período colonial do país, é inafiançável

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Por Redação
Atualização:

YANGON - Um tribunal de Mianmar rejeitou nesta quinta-feira, 1º, um pedido de fiança para dois jornalistas da agência Reuters acusados de violar a lei de segredos oficiais do período colonial do país.

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Durante o processo, o advogado dos dois jornalistas disse ao tribunal que os documentos que a polícia disse ter encontrado com eles quando foram presos continham informações disponíveis publicamente em reportagens de jornais.

Algemado, o jornalista Wa Lone é escoltado por policiais até tribunal de Yangon, em Mianmar Foto: REUTERS/Jorge Silva

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Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 27 anos, trabalhavam na cobertura da crise no Estado de Rakhine, onde uma operação de repressão do Exército contra insurgentes iniciada no final de agosto provocou a fuga de quase 690 mil muçulmanos rohingyas para Bangladesh, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

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Os repórteres foram detidos no dia 12 de dezembro, depois de serem convidados para encontrar com policiais durante um jantar em Yangon. Eles disseram a parentes que foram detidos quase imediatamente por dois policiais que nunca haviam encontrado antes, depois de receberem alguns documentos em um restaurante.

O editor-chefe da Reuters, Stephen J. Adler, expressou decepção com a recusa da fiança dos repórteres e pediu sua liberação imediata. "Agora, já se passaram mais de 50 dias desde que eles foram presos e eles deveriam ter a oportunidade de ficar com suas famílias enquanto as audiências continuam”, disse.

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“Nós acreditamos que os processos judiciais irão demonstrar suas inocências e que Wa Lone e Kyaw Soe Oo serão capazes de retornar a seus trabalhos reportando eventos em Mianmar.”

O major da polícia Min Thant, um dos agentes que realizou a prisão, apresentou nesta quinta-feira, no tribunal de Yangon que está julgando o caso, o que disse serem documentos secretos apreendidos dos dois repórteres. Em resposta, o advogado da defesa, Than Zaw Aung, apresentou cópias de diversas reportagens de jornais que disse mostrar que as informações dos documentos já eram públicas.

“Eles estão apresentando o processo dizendo que essas são coisas secretas, mas eu quero mostrar que isso não é secreto e que o público já sabia dessas coisas”, disse Than Zaw Aung, no tribunal. O tribunal rejeitou o pedido de fiança da defesa. Lendo a lei de segredos oficiais, o juiz Ye Lwin disse que a suposta infração é “inafiançável”, sem dar mais detalhes. / REUTERS

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