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Jovem morre durante protesto marcado por confrontos na Venezuela

Segundo opositores, Jairo Ortiz, de 19 anos, foi baleado por forças de segurança que dispersavam um protesto em um subúrbio de Caracas

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Por Redação
Atualização:

CARACAS - As autoridades da Venezuela confirmaram que um jovem foi morto na quinta-feira 6 durante protestos contra o governo, e prometeram investigar o caso. Esta é a primeira morte desde que uma crise política envolvendo o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) teve início recentemente.

Durante a marcha, que terminou em confrontos, Jairo Ortiz, de 19 anos, foi baleado, segundo líderes da oposição, por forças de segurança que dispersavam um protesto em um subúrbio de Caracas.

Milhares de opositores do presidente venezuelano foram às ruas para protestar contra uma decisão da Corte, que se inclina a favor do governo chavista e assumiu o controle do Congresso de maioria opositora Foto: EFE/MIGUEL GUTIÉRREZ

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"Diante do assassinato do jovem Jairo Ortiz, manifestamos nossa firme condenação ao ato tão vil", disse o defensor público Tarek Saab no Twitter no início desta sexta-feira, 7. A oposição, que acusa Saab de ser uma extensão do governo (do presidente, Nicolás) Maduro, foi impedida de marchar até o escritório dele.

Em comunicado, o Ministério Público indicou que delegou o caso a dois promotores que coordenarão o trabalho com a Polícia Científica e com a Direção Técnico-científica e de Investigação do MP a fim de determinar as responsabilidades criminais.

"De acordo com a informação preliminar, aproximadamente às 10h da noite de 6 de abril, a vítima estava na manifestação (...), quando funcionários da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) e da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) se aproximaram", afirma o comunicado.

O órgão diz que o jovem foi atingido por "um disparo que lhe ocasionou a morte" e o protesto em questão aconteceu no setor Montaña Alta, região central do Estado de Miranda.

O governador e duas vezes candidato presidencial, Henrique Capriles, disse que este assassinato foi cometido "por ordens" do ministro de Interior e Justiça, Néstor Reverol, "que obriga comandantes da Guarda a reprimir sem se importar com as vidas".

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Milhares de opositores do presidente venezuelano foram às ruas para protestar contra uma decisão da Corte, que se inclina a favor do governo chavista e assumiu o controle do Congresso de maioria opositora, no que os manifestantes disseram ser um mais um passo rumo à ditadura. Embora a medida amplamente rejeitada tenha sido revertida rapidamente, a oposição intensificou as manifestações contra Maduro.

Violência. Pelo menos 19 pessoas ficaram feridas nos protestos, segundo informações do prefeito do município de Chacao, Ramón Muchacho. "Até o momento, atendemos 19 pessoas. Todos estão fora de perigo, felizmente", disse ele em um vídeo divulgado nas redes sociais. De acordo com o prefeito, 11 pessoas sofreram traumatismos múltiplos, 4 foram atingidas por balas de chumbo, outras 3 por asfixia e 1 jovem teve queimaduras de segundo e terceiro grau.

O fotojornalista Manaure Quintero, colaborador da agência de notícias EFE na Venezuela, foi atingido por balas de borrachas, disparadas diretamente contra ele por um membro da PNB. Outro fotógrafo do mesmo veículo em Caracas, Miguel Gutiérrez, ficou ferido depois que um funcionário da GNB disparou uma bomba de gás lacrimogêneo diretamente contra ele enquanto fotografava um manifestante.

Nesta sexta-feira, manifestantes anti-Maduro se reuniram em frente ao escritório de Saab desde a madrugada. "Declaramos este escritório fechado porque está de costas para o povo", disse a parlamentar opositora Milagros Paz no Twitter. "Jairo Ortiz morreu nas mãos deste regime."

Em um pronunciamento televisivo feito na véspera, Maduro disse que as autoridades prenderam 30 pessoas envolvidas na manifestação. Mesmo fragmentada, a oposição ganhou novo ímpeto contra um governo que culpa pelo colapso social e econômico do país. / REUTERS e EFE

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