Juiz é morto durante confronto em bairro opositor na Venezuela

Ainda não está claro se magistrado foi vítima de roubo ou da violência decorrente dos protestos; Nelson Moncada presidia caso de opositor morto em 2014

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Por Redação
Atualização:

CARACAS - Homens armados mataram na noite de quarta-feira, 31, um juiz em uma barricada no bairro de El Paraíso, em Caracas, na Venezuela. Nelson Moncada, de 37 anos, foi baleado e roubado enquanto tentava sair do bloqueio, palco de frequentes confrontos entre a Guarda Nacional Bolivariana (GNB) e manifestantes antichavistas. Ainda não está claro quem foi o responsável pelo crime. 

A madrugada foi violenta na capital venezuelana depois de um novo dia de protestos contra o presidente Nicolás Maduro. Vários jornalistas, incluindo o fotógrafo da AFP Luis Robayo, foram agredidos nesta quarta-feira por militares da GNB.A oposição marcou para hoje novos protestos contra o governo de Maduro.

Crianças, pedestres e pessoas que se encontravam em seu local de trabalho foram afetadas pelos gases liberados nos focos de protesto Foto: AFP PHOTO / FEDERICO PARRA

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Na quarta-feira, os militares bloquearam dezenas de milhares de opositores que tentavam marchar contra prédios do governo no centro de Caracas. Os confrontos continuaram ao longo da noite. 

Manifestantes antichavistas frequentemente bloqueiam ruas com pneus e lixo queimado e às vezes pedem contribuições em dinheiro para a "resistência" contra Maduro. 

Parte da imprensa local, ligada ao governo, informou que o juiz foi vítima de roubo. Meios alinhados com a oposição lembraram, no entanto, que o juiz era responsável pelo caso do manifestante Bassil da Costa - uma das primeiras vítimas da onda de protestos contra Maduro em 2014. 

Entre os 62 mortos em dois meses de atos contra o governo estão chavistas, opositores, civis e membros das forças de segurança. El Paraíso é um dos bairros nos quais manifestantes enfrentam a GNB e grupos de civis armados alinhados ao governo - os famosos coletivos chavistas. 

Crise. Os protestos na Venezuela, que já duram dez meses, aumentaram depois de o governo implementar uma nova Assembleia Constituinte para substituir a Carta aprovada no começo do governo Hugo Chávez, em 1999. O modelo de eleição dos deputados inclui a indicação de setores sociais alinhados ao governo. A coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) diz que a medida é uma fraude para perpetuar Maduro no poder.A MUD prometeu boicotar a Assembleia Constituinte.

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Desde o começo de abril, mais de 3 mil pessoas foram presas nos protestos contra o chavismo. A Venezuela atravessa uma grave crise econômica, com hiperinflação e escassez de comida e remédios. / AFP

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