CARACAS - O julgamento contra o líder opositor venezuelano Leopoldo López, de 44 anos, chegou ontem a sua etapa final depois de um processo de 13 meses que o político enfrentou na prisão militar de Ramo Verde.
O governo do presidente Nicolás Maduro o acusa de promover os violentos protestos de fevereiro e julho de 2014, em Caracas, que deixaram 43 mortos.
Na audiência de ontem, a defesa apresentaria suas conclusões e López faria sua declaração final. “Sinto-me tranquilo em minha mente e espírito. Força, Venezuela, força e fé!”, disse López em uma mensagem divulgada em sua conta do Twitter por sua mulher, Lilian Tintori.
Marco Coello, de 19 anos, um dos quatro jovens processados com López, não compareceu à audiência, pois viajou na véspera para Miami, informou a Procuradoria-Geral. O órgão abriu uma investigação e pediu ao tribunal que suspenda a medida cautelar de liberdade provisória concedida ao jovem. O não comparecimento de Coello provocou um atraso na audiência.
Mais de uma centena de agentes da Guarda Nacional, da polícia e da equipe antimotim cercaram o prédio do tribunal, no centro de Caracas. Aos gritos de “libertem Leopoldo”, várias centenas de manifestantes, alguns com bandeiras venezuelanas, de partidos de oposição e fotos de López, concentraram-se a três quadras do Palácio de Justiça para manifestar seu apoio.
“Apelamos a Deus, que é o único que pode fazer o milagre, que a juíza possa entender e tomar uma decisão de acordo com a justiça e libertar Leopoldo”, disse a vereadora de oposição Gladys Castillo, de 55 anos, enquanto aguardava na rua com outros manifestantes, sob intenso sol, o início da audiência final.
Juan Carlos Gutiérrez, advogado de López, disse à agência Associated Press que a audiência poderia demorar até 12 horas, pois havia várias pautas processuais que deveriam ser tratadas ontem e declarações das partes que deveriam ser feitas antes de a juíza encerrar o processo e emitir uma sentença.
A Procuradoria-Geral apresentou, no início da semana, suas conclusões no julgamento contra López, nas quais ratificou as acusações de instigação pública, associação para delinquir e envolvimento em danos e incêndio.
Gutiérrez rejeitou as acusações da Promotoria, alegando que não há elementos para incriminar López. Também destacou que, neste caso, não foi cumprido o devido processo – que acumulou 70 audiências –, pois não foi permitido à defesa apresentar provas durante o julgamento. / AP