Justiça colombiana blinda acordo de paz com as Farc por 12 anos

Corte Constitucional cria jurisdição especial e decide que pacto fica imutável pelos próximos 3 mandatos presidenciais

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BOGOTÁ - A Corte Constitucional colombiana decidiu que o acordo de paz com a ex-guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) – agora convertida em partido político – deve permanecer como está por 12 anos. Ou seja, durante 3 mandatos presidenciais nenhuma alteração pode ser realizada. 

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A decisão da Justiça foi uma resposta a atos legislativos apresentados pelo governo do presidente Juan Manuel Santos. O acordo, fechado em novembro de 2016 após quatro anos de negociação, já é tema das pré-campanhas políticas visando a eleição presidencial do ano que vem. 

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e o líder das Farc, RodrigoLodoño "Timochenko" trocam cumprimentos em cerimônia que marcou o início do desarmamento da guerrilha Foto: AP Photo/Fernando Vergara

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A mais alta corte colombiana considerou, na noite da quarta-feira 11, constitucional acrescentar um artigo transitório à Constituição, como previsto no projeto apresentado em julho, “com o objetivo de dar estabilidade e segurança jurídica ao pacto”. A sentença entra em vigor após ser promulgada, portanto deve começar a valer com o substituto de Santos, que deixa o poder em agosto de 2018.

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O presidente e o agora partido Farc (Força Revolucionária Alternativa do Comum) celebraram a decisão. “Por unanimidade, a Corte Constitucional disse que o acordo de paz é a palavra empenhada do Estado, devemos trabalhar de boa fé e cumpri-lo”, tuitou o presidente colombiano. 

O ex-líder guerrilheiro Rodrigo Londoño, conhecido como Timochenko, também comemorou, mas sem deixar de lado as críticas que a Farc vem fazendo à demora na implementação de alguns pontos do pacto. 

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“Em meio ao atraso na implementação e intenções de modificar o acordado, a blindagem ao acordo final é um respaldo à paz”, escreveu Timochenko, se referindo aos anúncios da oposição liderada pelo ex-presidente Álvaro Uribe, que durante discursos no Congresso e entrevistas afirmou que modificaria o pacto caso voltasse à presidência.

Políticos opositores, entre eles Uribe, afirmaram que a decisão da Corte ignora a vontade do povo colombiano, que há cerca de um ano rejeito o acordo final de paz em um plebiscito. Depois dessa votação, pontos do documento foram modificados, mas não houve uma nova consulta popular.

O ministro do Interior colombiano, Guillermo Rivera, explicou que dentro da sentença expedida está a criação da Jurisdição Especial para a Paz (JEP), que permite a reincorporação política das Farc. 

Esse é um dos pontos do acordos que o partido de Uribe, o Centro Democrático, tenta modificar por meio da convocação de um referendo. O uribismo considera que a JEP é uma forma de garantir impunidade aos guerrilheiros. /AFP e EFE 

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