PUBLICIDADE

Justiça espanhola mantém ex-vice-presidente catalão na prisão

Decisão tem implicações políticas em plenas negociações dos partidos independentistas para formar governo após as eleições do dia 21

Por Andrei Netto , CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

MADRI - O Supremo Tribunal da Espanha decidiu nesta sexta-feira, 5, manter a prisão preventiva o ex-vice-presidente catalão Oriol Junqueras, , um dos líderes do movimento independentista presos após a deposição do governo regional da Catalunha , no final de outubro.  

A decisão é crucial para a sorte dos secessionistas porque, se tivesse sido colocado em liberdade, Junqueras seria candidato ao governo da Catalunha na votação prevista para 23 de janeiro no Parlamento, onde os independentistas terão maioria mais uma vez após as eleições de 21 de dezembro. 

Vice-presidente regional da Catalunha, Oriol Junqueras,está preso Foto: Foto: EFE|Enric Fontcuberta

PUBLICIDADE

Segundo o juiz Miguel Colmenero, a defesa da independência da Catalunha em si não configura crime, mas a forma como o processo foi realizado, contrariando a Constituição da Espanha, por exemplo quando da realização de um plebiscito não autorizado por Madri. “O recorrente pode defender a pertinência, a conveniência ou o desejo de lograr a independência de uma parte da Espanha sem cometer nenhum delito”, reiterou o magistrado. Mas, frisou, isso tem de ser feito dentro da lei e por isso os detidos – além de Junqueras, ex-secretários de Estado, assessores e militantes secessionistas estão atrás das grades – “não se pode falar de presos políticos”. 

+ Separatistas catalães mostram força em eleição e poderão voltar ao poder

Da prisão, Junqueras escreveu via redes sociais exortando que os independentistas mantenham a mobilização social. "Nestes dias que virão, permaneçam fortes e unidos. Transforme a indignação em coragem e perseverança. Transforme raiva em amor. Sempre pense nos outros”, pregou, garantindo que seguirá na luta: "Persisto porque persistirei. Obrigado a todos por seu apoio”.

+ Juíza espanhola emite ordem de captura europeia contra líder catalão

A eventual liberação de Junqueras lançaria o movimento independentista em uma encruzilhada, já que o ex-governador da Catalunha, Carles Puigdemont, também deposto e hoje exilado na Bélgica, almeja concorrer no voto do Parlamento e governar à distância, já que pode ser preso se retornar à Espanha. Nesse caso não estava afastada uma disputa de poder entre Junqueras e Puigdemont, que poderia dividir em dois o bloco, enfraquecendo o movimento secessionista.

Publicidade

Os partidos separatistas catalães obtiveram juntos nesta quinta-feira maioria absoluta no Parlamento regional, apesar da vitória individual do Cidadãos, formação que defende a permanência na Espanha. Foto: afp
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.