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Lavagem de dinheiro do Irã

Os EUA devem impedir que Teerã tenha acesso às instituições financeiras americanas

Por Ed Royce
Atualização:

 O Irã ainda não conheceu o crescimento econômico que buscava com o acordo nuclear do presidente Barack Obama, e exige novas concessões – além do acordo – em troca de nada. Especificamente, o aiatolá Ali Khamenei quer que os Estados Unidos levantem as sanções cujo objetivo é impedir que o Irã continue financiando o terrorismo e a construção de armas ilícitas, para que o país tenha acesso ao sistema financeiro americano, onde ocorre a maior parte das transações internacionais.

Numa entrevista coletiva, na sexta-feira, Obama voltou atrás nas declarações de que o Irã poderia ter acesso direto aos dólares americanos, dizendo: “Não é esse o enfoque que estamos adotando”.

Iranianos celebram em Teerã a assinatura do acordo nuclear com as potências mundias Foto: REUTERS/TIMA

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Mas ele não fechou explicitamente a porta para outras medidas que dariam ao regime o acesso aos dólares americanos por meio de câmaras de compensação no exterior. Em outras palavras, o Irã poderia lavar dólares enquanto o governo americano simplesmente faria vista grossa.

Trata-se de uma alarmante mudança da posição do governo Obama em relação a poucos meses atrás. Na realidade, quando vendeu o acordo nuclear ao povo americano, no ano passado, o governo enfatizou reiteradamente ao Congresso que as sanções principais impostas ao país em razão do terrorismo, dos mísseis e da situação dos direitos humanos continuariam vigorando rigorosamente.

O secretário americano do Tesouro, Jack Lew, por exemplo, em meados do ano passado, prometeu numa sabatina no Congresso: “Os bancos iranianos não poderão fazer operações em dólares americanos por meio de Nova York, manter relacionamentos por meio de conta correspondente com instituições financeiras dos EUA, ou participar de acordos de financiamento com bancos americanos”. Como o secretário deixou claro: “O Irã, em outras palavras, seguirá não tendo acesso ao maior mercado financeiro e comercial do mundo”.

Entretanto, quando falei com Lew, duas semanas atrás, para saber se ele defendia sua declaração, ele rejeitou dar uma resposta direta. E, portanto, essa parece ser apenas a mais recente de uma longa série de concessões para proteger o “legado” do presidente.

Nos últimos meses, o governo apresentou uma nova lei para reforçar o programa de isenção de vistos destinado a agradar aos iranianos e impôs apenas sanções mínimas ao programa de mísseis do Irã – que ao mesmo tempo os lança com a frase “Israel precisa ser varrido da face da Terra”.

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O Irã afirma que quer pôr fim a essas sanções e obter em troca mais acesso aos sistemas financeiros mundiais, com o objetivo de impulsionar o crescimento de sua economia. Mas os países que querem atrair investimentos internacionais não deveriam derramar seu dinheiro a terroristas, acelerando, desse modo, a produção do veículo transportador de uma arma nuclear. Tampouco deveriam ameaçar os vizinhos com a aniquilação.

Permitir a um Irã beligerante o acesso aos dólares americanos acarreta perigos concretos aos EUA e à economia americana. Em fevereiro, a Força Tarefa de Ação Financeira – organização que abrange cerca de 40 nações – advertiu que está “excepcionalmente preocupada com a impossibilidade de o Irã solucionar o problema do financiamento do terror e com a grave ameaça que isso representa” para o sistema financeiro mundial. É por isso que estou trabalhando com meus colegas de ambos os partidos para elaborar uma série de rigorosas proibições estatutárias com o objetivo de impedir que o Irã receba os benefícios do acesso ao sistema financeiro americano.

O Irã viu o que Obama fará para preservar seu acordo nuclear e está se aproveitando plenamente. Os EUA não podem ceder mais uma vez. O Congresso deve exigir que, se o regime iraniano não abandonar seu programa ilícito de mísseis e o financiamento do terrorismo, não poderá contar com o menor alívio das sanções. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA 

* É DEPUTADO PELO PARTIDO REPUBLICANO

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