PUBLICIDADE

Le Pen tenta se dissociar de imagem da extrema direita

Candidata nacionalista diz que ‘não é de direita nem de esquerda’ e garante que não vê UE como ‘adversária’

Por Andrei Netto , Correspondente e Paris
Atualização:

Os finalistas da campanha presidencial na França, Emmanuel Macron e Marine Le Pen, travaram nesta terça-feira uma disputa indireta pelo eleitorado, concedendo entrevistas às duas maiores emissoras de TV do país em horário nobre. A candidata da Frente Nacional (FN) tentou se dissociar do partido nacionalista e amenizar as críticas à União Europeia. Já o líder do movimento En Marche! tentou evitar a euforia de uma vitória antecipada.

A mudança de discurso de Marine vem se intensificando desde domingo. Além de ampliar os ataques diretos ao rival, ao qual tenta colar a percepção de “liberal radical”, ela tenta mudar sua imagem antes do segundo turno, em 7 de maio. “Eu não sou candidata da FN. Sou apoiada pela FN”, afirmou Le Pen, que até segunda-feira era presidente do partido, cargo do qual está licenciada até o fim da eleição. 

Marine Le Pen visita pavilhão das carnes na feira internacional de alimentação de Rungis, perto de Paris Foto: REUTERS/Charles Platiau

PUBLICIDADE

Além de se dissociar da FN, Marine tentou surfar no discurso de Macron, que se apresenta como líder de um movimento que “não é de direita nem de esquerda”. “Eu não sou nem de direita nem de esquerda”, disse a nacionalista. “Não tenho admiração por alguém que quer destruir a França, um operador de mercado financeiro que tem uma visão radical, que quer uma França submissa.” 

Em outro momento, Le Pen afirmou que “se sente europeia”, embora deseje abandonar o bloco e o euro. “Não sou adversária da Europa. Gostaria que houvesse acordos entre nações livres. É essa Europa que eu quero ver emergir.”  Por sua vez, Macron colocou-se como antagônico a Le Pen. “A França tem valores universais. Somos tudo, salvo o encolhimento”, disse ele, referindo-se ao programa de governo antiglobalização da FN. 

De acordo com o ex-ministro da Economia, seu governo ampliará o Estado de bem-estar social para os “mais fracos” e “liberará” a atividade econômica. “Se protegermos os mais fracos, podemos ter uma sociedade mais eficaz e justa.”

Embora uma nova pesquisa do instituto Elabe tenha apontado ontem uma ampla vantagem de Macron sobre Le Pen (64% a 36%), o candidato social-liberal pediu moderação aos eleitores. “Nada está ganho”, disse.

Homenagem. Macron e Le Pen participaram nesta terça-feira das homenagens nacionais ao policial Xavier Jugelé, morto no atentado da semana passada na Avenida Champs-Elysées. Durante quase duas horas, os dois candidatos ficaram distantes 10 metros um do outro, em frieza total, sem se cumprimentar.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.