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Artigo: Levar as relações sino-brasileiras a uma nova era

Sendo as maiores nações em desenvolvimento dos hemisférios Oriental e Ocidental, China e Brasil devem estar juntos na construção e reforma do sistema de governança global

Por Li Jinzhang e Embaixador da China no Brasil
Atualização:

O 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China encerrou-se com a inclusão, no Estatuto do Partido, dos "Pensamentos de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Era" e o lançamento de metas e diretrizes para o futuro desenvolvimento nacional.

Esses pensamentos oferecem diretrizes para a política externa chinesa, enfatizando a construção de uma humanidade de destino comum e defendendo um "novo tipo de relações internacionais com base em respeito mútuo, equidade, justiça, cooperação e benefício recíproco" para um mundo limpo e belo com "paz duradoura, segurança universal, prosperidade comum, abertura e inclusão".

Xi Jinping, presidente chinês, assumiu o cargo em 2013. Foto: Mark Schiefelbein/AP Photo

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Parceiro estratégico global da China, o Brasil é uma das prioridades da diplomacia chinesa, que, na nova era, trará novas oportunidades para as relações bilaterais. 

Primeiro, uma China aberta oferecerá novas chances com benefício mútuo. A China facilitará significativamente o acesso ao mercado e protegerá os interesses legítimos dos investidores estrangeiros. Nos próximos cinco anos, a China importará US$ 10 trilhões em mercadorias, receberá cerca de US$ 600 bilhões em investimento e fará um aporte de cerca de US$ 750 bilhões ao exterior. Terá lugar, no ano que vem, a primeira Feira Internacional de Importação da China. Tudo isso abrirá um enorme mercado para o Brasil e lhe trará valiosas oportunidades de cooperação.

Segundo, uma China conectada injetará novo vigor à prosperidade comum. A iniciativa Um Cinturão e Uma Rota é um importante bem público que a China oferece ao mundo com o objetivo de criar uma plataforma internacional para coordenar as políticas, interligar as infraestruturas, facilitar o comércio, movimentar as finanças e conectar os povos. Nossos dois países devem aproveitar as vantagens comparativas de cada lado nas vertentes de mercado, recursos, pessoal, gestão e capital, analisar a interação entre essa iniciativa chinesa e estratégias de desenvolvimento brasileiras, para trazer novos impulsos à nossa cooperação. 

Terceiro, uma China bela, como uma diretriz fundamental, cria novas perspectivas de desenvolvimento sustentável. O conceito de crescimento com baixas emissões de carbono está sendo colocado em prática na China. O Brasil dá grande valor à proteção ambiental, possui uma excelente dotação de energias renováveis e avançadas tecnologias de biocombustíveis e outras energias limpas. Há muito a explorar nesta área entre os dois países.

Quarto, o projeto chinês defende um novo conceito de governança global. A visão chinesa dessa governança, com base em amplas consultas e contribuições conjuntas para benefícios compartilhados, está, em vários aspectos, em consonância com a política externa brasileira. Sendo as maiores nações em desenvolvimento dos hemisférios Oriental e Ocidental, devemos estar juntos na construção e reforma do sistema de governança global, promovendo uma nova disposição nas áreas de comércio mundial, investimento, finanças, energia e desenvolvimento sustentável, sob os princípios de abertura, inclusão, benefício universal e equilíbrio. 

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Por fim, as ideias chinesas descortinam nova alternativa para a modernização. A China está trilhando um novo caminho da modernização de um país em desenvolvimento, com contínuas inovações tanto na teoria como na prática. Apesar da diferença de sistemas políticos, há um respeito mútuo em relação à estrutura social e ao caminho de desenvolvimento entre a China e o Brasil. Devemos fortalecer o intercâmbio sobre políticas de administração pública e incrementar o entendimento, construindo, assim, um paradigma de amizade e cooperação entre países com sistemas políticos e sociais diferentes.  Tenho toda a convicção de que, aproveitando esta oportunidade, nossos dois países darão mãos para esta aliança de destino comum para uma nova era.

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