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Líder das buscas pelos 43 jovens desaparecidos no México é encontrado morto

Caso mostra aumento da violência no Estado de Guerrero, onde estudantes desaparecerem há quase um ano

Atualização:
Ativista encontrado morto, Miguel Ángel Jiménez Blanco, liderou buscas por 43 jovens desaparecidos Foto: Pedro Pardo / AFP

CIDADE DO MÉXICO - A violência voltou a sacudir o Estado de Guerrero, no México, com o assassinato de 13 pessoas, entre elas o líder comunitário Miguel Ángel Jiménez Blanco, que liderou a busca pelos 43 estudantes que desapareceram há quase um ano. 

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Jiménez Blanco, líder da polícia comunitária do povoado de Xaltianguis, situado na área rural do município de Acapulco, foi morto a tiros no sábado 8 quando trabalhava em seu táxi, mas a Procuradoria estadual ainda não deu detalhes sobre o caso.

O dirigente da União de Povos e Organizações do Estado de Guerrero (UPOEG), Bruno Plácido, disse nesta terça-feira, 11, que Jiménez "exerceu um papel importante na busca dos 43 estudantes" da Escola Normal Rural de Ayotzinapa e na descoberta de dezenas de fossas clandestinas na cidade de Iguala.

Segundo Plácido, no ano passado Jiménez Blanco havia sido ameaçado de morte e há um mês aproximadamente, quando procurava corpos em um poço de água em Iguala após receber a informação de que ali estava parte dos estudantes, informou que alguém lhe estava seguindo.

"Estamos fazendo nossa própria investigação do assassinato e os resultados não serão anunciados até termos detalhes de quem o cometeu e de onde chegou a ordem", afirmou Plácido. A atuação das polícias comunitárias em Guerrero, reconhecidas pela Constituição local, e das autoridades estaduais e federais, não impediu o aumento da violência.

Outros casos. Segundo o procurador de Guerrero, Miguel Ángel Godínez, os homicídios registrados nos últimos dias estão ligados a "acerto de contas" entre grupos criminosos, sobretudo no porto de Acapulco. O famoso balneário mexicano se tingiu de sangue no fim de semana com a descoberta de uma fossa clandestina com os corpos de quatro homens, um deles com um tiro à queima-roupa, e uma mulher.

Além disso, um homem foi assassinado a tiros em uma estrada, outro foi encontrado em um automóvel com marcas de tortura e uma mulher morreu espancada no mercado central.

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No município de Teloloapan, três jovens foram mortos a pancadas e abandonados em um terreno baldio; em Taxco, dois homens e uma mulher foram encontrados com marcas de bala na margem de uma estrada; e, em Iguala, outros dois homens foram mortos em episódios violentos.

Por fim, um jovem identificado como Salvador Damián Serna, sobrinho de um destacado empresário da região, morreu no domingo em um ataque armado em Zihuatanejo. Essa foi a única morte à qual fez alusão o governador do Estado, Rogelio Ortega, em sua conta no Twitter, condenando o homicídio e expressando suas condolências.

Discurso. Enquanto os crimes violentos sacudiam o Estado, Ortega falava da pacificação que alcançou em Guerrero desde que chegou ao poder, após a renúncia de Ángel Aguirre em razão da crise social provocada pelo desaparecimento dos 43 estudantes.

"Diálogo e tolerância extrema" é a fórmula da qual se orgulhou o governador no domingo na comemoração oficial do 233.º aniversário do nascimento do líder independentista Vicente Guerrero, data que pela primeira vez não foi comemorada em Tixtla.

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Além de ser o lugar de origem do general Guerrero, Tixtla é o local da combativa Escola Normal Rural de Ayotzinapa à qual pertenciam os 43 jovens desaparecidos em 26 de setembro de 2014.

No domingo, parentes e colegas dos 43 estudantes saíram outra vez às ruas para exigir a aparição deles e o esclarecimento do caso. No dia 26, quando se completam 11 meses do desaparecimento dos jovens, será iniciada uma greve de fome que se prolongará por um mês.

Segundo a procuradoria mexicana, os 43 estudantes foram detidos por policiais de Iguala e entregues a membros do cartel Guerreros Unidos, que os assassinaram e os incineraram em um depósito de lixo - versão que os pais não aceitam. /EFE

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