BUENOS AIRES - O presidente da Argentina, Mauricio Macri, se colocou na terça-feira à disposição da Justiça, à qual pediu uma atuação independente na investigação sobre as empresas offshore em seu nome reveladas pelo chamado Panama Papers, uma lista de personalidades com companhias abertas em paraísos fiscais.
"Que a Justiça atue com independência e precisão, cumprindo o papel que a corresponde", disse Macri em coletiva de imprensa na sede do governo. "No que me compete, estou à disposição de um juiz no civil e de um juiz federal para fornecer informação. Vi o pedido de despachos ao Panamá para esclarecer a informação que apareceu nos meios de comunicação, e me parece ótimo".
Macri também mencionou o caso de suposta corrupção e enriquecimento ilícito do empresário Lázaro Báez, que teria formado sua fortuna por meio de contratos de obras públicas durante os governos de Néstor e Cristina Kirchner (2003-2015).
O presidente argentino, líder da aliança de centro-direita Cambiemos, aparece como diretor da Fleg Trading, segundo os Panama Papers, e como vice-presidente de Kagemusha, de acordo com um registro oficial no Panamá.
Na segunda-feira, um juiz argentino enviou despachos ao Panamá e às Bahamas para saber se essas sociedades registram contas bancárias no nome de Macri. Ele declarou que não há "nada a esconder" e que as sociedades em seu nome e no nome de sua família, que é dona de um império de negócios, não estão em operação.
O magistrado pediu que o despacho tramite "o mais rápido possível" e explicou que existe uma investigação em curso para verificar se Macri cometeu o delito de "omissão maliciosa" de dados em sua declaração de bens. A pena para esse tipo de crime chega a dois anos de prisão.
A Justiça argentina também agiliza nesta semana uma investigação sobre a ex-presidente Cristina Kirchner e seu filho Máximo, que atualmente é deputado federal, por supostas irregularidades em um negócio imobiliário familiar. Esse é o segundo caso envolvendo a ex-presidente, que também é investigada por sua política cambial por meio do Banco Central no final de 2015. /AFP