Macri pede à Justiça que mandato se inicie à 0h

Kirchnerista que chefia serviço de inteligência afirma que Cristina não deverá ir à posse de sucessor no Congresso

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Por Rodrigo Cavalheiro
Atualização:

BUENOS AIRES - O titular da Agência Federal de Inteligência, o kirchnerista Oscar Parrilli, afirmou na noite desta terça-feira, 8, que “não estão dadas as condições” para que a presidente Cristina Kirchner vá na quinta-feira ao Congresso ver o juramento de seu sucessor, Mauricio Macri. Como Cristina já havia garantido que não atenderia ao desejo de Macri de receber a faixa presidencial na Casa Rosada, ela não deverá estar em nenhuma das etapas da posse. 

Parrilli falou depois de o presidente eleito recorrer à Justiça para que a atual ocupante do cargo deixe o poder à meia-noite de amanhã. O pedido judicial feito por Macri, acolhido de forma provisória, faz parte da disputa que se arrasta há uma semana sobre o local da posse. 

Macri quer terceirizar gestão de sua fortuna Foto: ENRIQUE MARCARIAN/REUTERS

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A presidente queria que a cerimônia ocorresse toda no Congresso, onde Macri fará o juramento. O político conservador, escolhido no dia 22 para substituí-la, insistiu em receber a faixa e o bastão na Casa Rosada. Este era o protocolo até 2003, quando Néstor Kirchner recebeu no Parlamento os objetos do senador Eduardo Duhalde, presidente interino.

Há controvérsia entre especialistas se o mandato de Macri começa à 0h ou somente quando preste juramento. O constitucionalista Gregorio Badeni afirma que Cristina deixa o poder à meia-noite de amanhã, como sustenta o macrismo. A ação judicial serviria para desencorajá-la de ir ao Congresso, o que teria dado certo. A equipe do presidente eleito teme que a presença da antecessora estimule militantes kirchneristas a estragar a festa do novo chefe de Estado. Segundo Parrilli, chefe do serviço de espionagem, a decisão judicial “deixará o país sem presidente por 12 horas”. 

Durante o dia, o kirchnerismo ofereceu como solução intermediária que Cristina deixasse os símbolos no Senado e Macri decidisse o que fazer com eles depois. O grupo de Macri propôs que os militantes kirchneristas se concentrassem para a despedida de Cristina atrás da Casa Rosada – são esperados milhares de jovens diante do Parlamento, com bandeiras e tambores. 

O recurso judicial afastou negociadores que tentavam uma aproximação. “Com isso querem evitar a presença de Cristina Kirchner no juramento do novo presidente”, tuitou o secretário-geral da presidência, Eduardo “Wado” De Pedro, um moderador kirchnerista. 

É provável que cinegrafistas e fotógrafos registrem o presidente da Corte Suprema, Ricardo Lorenzetti, diante de Macri quando este receba a faixa. Na segunda-feira, Cristina acusou Macri de ter gritado com ela ao telefone no sábado e exigido que fosse à Casa Rosada. Pelo Twitter, ela afirmou que aquela não era a festa de aniversário dele e ela não era sua acompanhante.

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