Maduro consegue renegociar dívida com a Rússia

Com problemas de caixa para saldar compromissos no mercado e pressionado por sanções, chavista recorre a auxílio de Putin

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MOSCOU - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, assegurou nesta quarta-feira, 4, a renegociação da dívida de US$ 2,8 bilhões com o governo da Rússia, em um momento no qual Caracas se vê cada vez mais afetada pelas sanções financeiras impostas pelos Estados Unidos ao país e à estatal petrolífera PDVSA. O acordo foi negociado entre Maduro e o presidente russo, Vladimir Putin, em um fórum sobre energia realizado em Moscou. 

Nicolás Maduro e Vladimir Putin no Kremlin Foto: REUTERS/Yuri Kadobnov

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De acordo com o chavista, que agradeceu a Putin pela ajuda russa em um momento difícil, a reestruturação da dívida e a cooperação militar também estiveram na pauta da reunião bilateral que os dois mantiveram hoje. “Eu agradeço por todo o apoio, político e diplomático, em momentos difíceis pelos quais nós estamos passando”, disse Maduro a Putin, em conversa no Kremlin. “Estou muito grato pelo acordo sobre grãos, que ajudou a manter estável o consumo na Venezuela.”

Uma onda de protestos contra o presidente venezuelano, entre abril e julho, deixou 125 mortos no país. A insatisfação popular aumentou em razão da escassez crescente de remédios e de alimentos. “Vemos que a Venezuela atravessa momentos difíceis. Existe a impressão, porém, de que você conseguiu estabelecer algum tipo de contato com as forças políticas da oposição”, afirmou Putin, em referência ao incipiente diálogo recente entre o chavismo e líderes da oposição mediado pela República Dominicana.

Papa recebe o cardeal de Caracas para conversar sobre a Venezuela

Hoje, o ministro do Petróleo da Venezuela, Eulogio del Pino, revelou que negocia com as estatais russas Gazprom e Rosneft um projeto de exploração de reservas de petróleo e gás na costa venezuelana. No começo do ano, por meio da Rosneft, a Venezuela conseguiu fluxo de caixa para quitar títulos de sua dívida externa. Em troca, os russos receberam uma participação na Citgo, uma refinaria venezuelana nos Estados Unidos. 

Calote. Com novos títulos vencendo neste mês e em novembro, e com o acesso a crédito em instituições financeiras americanas vetadas pelas sanções, Maduro corre contra o tempo para conseguir dinheiro e evitar um default. 

“No que diz respeito às conversas, a reestruturação da dívida, é claro, é um dos objetivos das negociações”, disse Dmitri Peskov, porta-voz do presidente russo. “Sem dúvida, este assunto deve ser discutido seriamente. Este é um dos motivos de as conversas estarem acontecendo.”

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Moscou parece ter encontrado uma maneira indireta de sustentar a Venezuela, estendendo o empréstimo concedido pela gigante petroleira Rosneft. Na semana passada, Maduro propôs utilizar o yuan chinês e o rublo russo como referência de moeda estrangeira, no momento em que as reservas internacionais venezuelanas encontram-se perigosamente baixas. / AFP e REUTERS

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