Maduro ordena que diplomata venezuelano seja retirado dos EUA

Segundo líder bolivariano, medida marca o fim da utilização de 'dois pesos e duas medidas' nas relações entre os países e serve para fazer com que os americanos 'respeitem a Venezuela de Bolívar'

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Por Redação
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CARACAS - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou na quarta-feira, 9, a retirada do principal representante diplomático de Caracas em Washington, diante da decisão do presidente americano, Barack Obama, de prolongar a declaração de emergência contra o país sul-americano por um ano. O Departamento de Estado americano, porém, disse que ainda não foi "notificado oficialmente" sobre a decisão do líder bolivariano.

"Chega de arrogância, de dois pesos e duas medidas, de prepotência, de intrigas, temos que fazer respeitar a Venezuela de Bolívar", disse Maduro, ao anunciar que mandou retornar a Caracas Maximilien Sánchez Arveláiz, encarregado de negócios nos Estados Unidos.

Maduro participa de ato político em Caracas ao lado do Ministro da Defesa, Vladimir Padrino López (D) e do vice-presidente executivo, Aristóbulo Istúriz Foto: REUTERS/Miraflores Palace

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O presidente afirmou, além disso, que deu à ministra das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, "instruções precisas para, nas próximas semanas, dar passos para defender a pátria e tomar medidas que serão anunciadas em relação ao decreto dos EUA".

Sánchez Arveláiz esperava receber o status de embaixador da Venezuela desde maio de 2014, mas Maduro decidiu manter o nível da relação bilateral em encarregado de negócios.

O presidente dos EUA, Barack Obama, decidiu recentemente prorrogar o decreto executivo emitido por ele em março do ano passado, que ampliava as sanções contra funcionários do governo da Venezuela. Para renovar a medida, Obama argumentou que a Venezuela segue convivendo com a "perseguição dos opositores políticos, com a restrição da liberdade de imprensa, com o uso da violência e com as violações aos direitos humanos".

Maduro informou que o alto comando político de seu governo apresentou um "plano especial de denúncia" contra o decreto americano em nível internacional. E lembrou que no próximo sábado uma grande manifestação será organizada para dizer "não" à ordem executiva de Obama.

Resposta. O Departamento de Estado dos Estados Unidos relatou que, apesar de ter ouvido as palavras de Maduro, não recebeu uma "notificação oficial" da saída de Sánchez Arveláiz.

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Um funcionário do alto escalão da diplomacia americana, que pediu o anonimato, disse que "tem conhecimento" do anúncio de Maduro em sua mensagem à nação venezuelana, mas também comentou que, "por enquanto", o Departamento não recebeu uma notificação oficial.

"Seguimos tendo relações diplomáticas com a Venezuela e seguimos desejando estar em contato com todos os setores do país, entre eles o Poder Executivo. Os EUA continuam apoiando a democracia, a estabilidade e a prosperidade na Venezuela e na região", acrescentou a fonte.

As relações entre Venezuela e EUA passam por um de seus piores momentos na história. Ambos os países estão sem embaixadores desde 2010, quando o governo do então presidente Hugo Chávez rejeitou a designação de Larry Palmer como chefe da missão diplomática americana em Caracas devido a declarações feitas por ele no Senado sobre a Venezuela.

Como resposta, os EUA decidiram revogar as credenciais de Bernardo Álvarez como embaixador venezuelano em Washington. Desde então, as acusações de ambos os lados foram constantes. / EFE e AFP

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