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Maduro quer produção e importação de fraldas a cargo das mulheres

Medida visa amenizar escassez de produtos de consumo, como alimentos e artigos de higiene pessoal

Atualização:
Mulheres participaram, no domingo, de marcha contra o governo em Caracas Foto: MIGUEL GUTIÉRREZ / EFE

CARACAS - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deu neste domingo, 8, um prazo de 72 horas para quatro ministros apresentarem um plano que deixe a produção, a importação e a distribuição de toalhas sanitárias (lenços umedecidos) e fraldas, que escasseiam no país, nas organizações de mulheres.

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Maduro pediu aos ministros Marco Torres (Economia), José Cabello (Indústrias), Isabel Delgado (Comércio) e Andreina Tarazón (Mulher) que "apresentem esse plano produtivo para garantir às mulheres os elementos básicos de suas vidas", durante uma concentração popular pelo Dia da Mulher. Esse plano ministerial será complementado com propostas que as organizações femininas apresentarão em "uma reunião especial do Conselho Presidencial de governo Popular das Mulheres" convocada para 8 de abril, acrescentou.

"São as mulheres que podem colocar ordem no parasitarismo oligárquico burguês" e serão elas que serão responsáveis por "todo o processo de produção, importação e distribuição de elementos essenciais para a mulher e a família (tais como) fraldas, toalhas sanitárias... que a burguesia esconde", ressaltou.

Maduro acrescentou no ato, transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão, que pessoalmente se encarregará de "criar uma estrutura especial de economia produtiva da mulher venezuelana" e deixará a cargo de organizações compostas por mulheres "todos os processos produtivos, industriais, distributivos e de importação". Será uma estrutura "cívico militar" da qual farão parte, detalhou, profissionais da economia e de administração para o combate dentro da chamada "guerra econômica" que, segundo ele, busca inviabilizar sua gestão presidencial.

A crise se expressa em altas taxas de inflação e escassez de produtos de consumo em massa, principalmente alimentos e sanitários, o que requer que as organizações populares e o governo, segundo o presidente venezuelano, "fórmulas novas para vencer a oligarquia e a burguesia e seus mecanismos de guerra econômica permanente". "Vejamos a guerra econômica como uma oportunidade para construir a nova economia produtiva, para vencer os parasitas que roubam ao povo", exortou.

Maduro ainda anunciou a criação da União Nacional de Mulheres (Unamulher), uma instância que reunirá todas as organizações populares de gênero para que entreguem propostas ao Conselho Presidencial de Governo Popular das Mulheres, incluídas as que geram polêmicas no mundo, disse, como o aborto. "Não tenhamos medo de nenhum tema, de nada, tenhamos confiança nos valores que constituímos. Todos os problemas polêmicos devem ser debatidos: proteção de grávidas, gravidez precoce, aborto, casamento igualitário", exemplificou.

Nesse contexto, Maduro cumprimentou especialmente manifestantes que identificou como membros do "movimento de lésbicas, feministas, da 'sexo diversidade'" e pediu que "ninguém esconda quem é".

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"É o capitalismo que discrimina, é a direita fascista que discrimina; foi (Francisco) Franco que na Espanha matou (Federico) García Lorca, a quem acusava de ser homossexual e comunista, e o matou mais por ser homossexual do que por ser comunista", concluiu. / EFE

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