Maduro vincula imprensa a 'golpe de Estado'

Presidente venezuelano diz que, 'assim como na tentativa de derrubar Chávez em 2002', meios de comunicação privados declararam 'guerra ao povo'

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Por CARACAS
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Após acusar empresários, partidos da oposição e militares da Força Aérea de planejar um golpe de Estado para derrubá-lo, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, envolveu ontem a imprensa venezuelana no rol de supostos envolvidos na trama. Segundo Maduro, assim como ocorreu no golpe contra Hugo Chávez, em 2002, meios de comunicação críticos ao chavismo fazem "propaganda" do plano golpista. "Estou lendo as notícias da imprensa burguesa e todos estão envolvidos no golpe. O tratamento que dão aos assuntos é de uma manipulação total, aberta e descarada", disse Maduro. "Peço à população que mantenha consciência máxima, pois os donos desses veículos declararam guerra ao povo outra vez, como em 2002."Na oposição, o governador de Miranda, Henrique Capriles, lembrou ontem do aniversário de 26 anos do Caracazo - onda de protestos contra a crise econômica durante o governo de Carlos Andrés Pérez que deixou mais de 400 mortos em 1989 - e fez um paralelo entre a crise atual e a da década de 80. "Hoje temos o maior índice de criminalidade de nossa história, a inflação mais alta do mundo e, enquanto a maioria da América Latina reduz a pobreza, ela aqui cresce a níveis históricos", disse Capriles, derrotado por Maduro nas eleições de 2013, por meio de sua conta no Twitter. "Todos os venezuelanos precisam se unir para evitar um novo Caracazo." Ontem, novos protestos de estudantes ocorreram em pequena escala no país, desta vez no Estado de Barinas, terra natal de Chávez. Representantes da ala juvenil da Mesa de Unidade Democrática (MUD), a coalizão de partidos antichavistas, e outros grupos menores, saíram às ruas para pedir ao governo que anule a portaria que permite à polícia e à Guarda Nacional Bolivariana (GNB) reprimir protestos com armas de fogo. Na terça-feira, um estudante de 14 anos foi morto por um policial em um ato em Táchira, na fronteira com a Colômbia. Pedido. No fim da noite de quinta-feira, um grupo de 15 prefeitos venezuelanos se reuniu diante do presídio militar de Ramo Verde, nos arredores de Caracas, para pedir a libertação dos opositores Antonio Ledezma, Leopoldo López e Daniel Ceballos."Estamos aqui representando a Associação de Prefeitos pela Venezuela e decidimos hoje acompanhar nossos companheiros que estão presos aí, na prisão de Ramo Verde, onde estão Daniel Ceballos, Antonio Ledezma e o ex-prefeito Leopoldo López", disse a representante do grupo, Adriana González.Adriana, prefeita do município de Atures, garantiu que, dos 77 prefeitos opositores que existem na Venezuela, 34 têm processos abertos em cada uma de suas jurisdições como parte de "uma arremetida do governo contra tudo o que é o poder municipal". O grupo tentou entrar na prisão para conversar com os dirigentes opositores presos, aproveitando o dia de visitas, mas não conseguiu autorização para entrar. / EFE

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