RABAT - Mais de 1,5 bilhão de muçulmanos em todo o mundo - cerca de um quarto da população mundial - iniciam na noite desta sexta-feira, 26, o mês de jejum do Ramadã, o mais importante do calendário por constituir um dos cinco pilares do Islã.
Durante este período, os muçulmanos que alcançaram a puberdade não podem comer, beber, fumar ou manter relações sexuais enquanto o sol estiver no horizonte. Ficam excluídas dessa obrigação as mulheres menstruadas e as grávidas, os doentes e os viajantes que realizam trajeto penoso, ainda que todos eles "deverão pagar" mais tarde pelos dias de jejum.
As horas exatas do nascer e do pôr do sol aparecem atualmente em qualquer tela de celular, mas as mesquitas também se encarregam de lembrar com suas chamadas à oração do Fayer (nascer) e do Magreb (pôr). As grandes cidades utilizam canhões e sirenes para marcar o esperado momento em que o sol se põe.
Nos países de maioria muçulmana, a vida se transforma totalmente durante o mês do jejum. As empresas, repartições públicas e escolas encurtam seus horários de funcionamento para que o jejum seja mais facilmente suportável, enquanto os cafés e restaurantes fecham durante as horas diurnas e ficam abertos durante a noite.
Por outro lado, no mês do Ramadã é quando há um gasto maior com alimentos nos lares, e os indicadores de consumo disparam durante o período sagrado, assim como os preços das compras.
São poucos os países que obrigam por lei o jejum e castigam o infrator: Arábia Saudita, Bahrein, Paquistão, Afeganistão, Irã, Malásia, Brunei e Marrocos. Na maior parte do mundo muçulmano, o Ramadã é cumprido por vontade própria ou pressão social, e é pouco comum ver uma pessoa infringir o jejum em público.
Este período torna-se uma das melhores formas de medir as raízes no mundo do Islã, que é atualmente a religião que mais cresce no mundo.
Um recente estudo do prestigiado Pew Research Center dos EUA perguntou: "Quanto importa o Islã em sua vida?". Os resultados mostraram que mais de 90% dos entrevistados na África e no sudeste asiático - onde se concentra a maior parte dos muçulmanos - diziam que "importa muito". A porcentagem era de mais de 80% no mundo árabe e na Turquia. Ficou abaixo dos 70% somente nas ex-repúblicas soviéticas.
O mesmo estudo questionou pontos mais concretos, como a frequência das orações, o comparecimento à mesquita e a leitura do Alcorão. De todas elas, o jejum no Ramadã era a prática islâmica mais respeitada entre os muçulmanos de todo o mundo.
Levando em consideração o rápido crescimento demográfico das regiões do mundo com mais muçulmanos - Ásia e África -, calcula-se que os eles vão duplicar de número até 2050, somando 2,8 bilhões de seguidores, ultrapassando o cristianismo. / EFE