Putin enfrenta maiores protestos na Rússia desde 91; líder opositor é preso

Mais de 200 cidades pediram autorização para realizar as manifestações contra o governo convocadas por Alexei Nalvalni, que pretende disputar as eleições presidenciais de 2018; ao todo, quase 2 mil pessoas foram detidas

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Por Redação
Atualização:

MOSCOU - Uma onda de manifestações tomou conta nesta segunda-feira, 12, da Rússia, nos maiores protestos no país desde 1991, quando os russos defenderam o fim da União Soviética, apesar dos esforços das autoridades para impedir as marchas.

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Quase 2 mil manifestantes foram detidos em todo o país, além do líder opositor Alexei Navalni, acusado de organizar o protesto anticorrupção no centro de Moscou sem a autorização necessária.

Navalni, que pretende disputar contra o líder russo, Vladimir Putin, a presidência russa na eleição de março de 2018, foi detido quando saía de casa, informou no Twitter sua mulher, Yulia Navalnaya. Segundo ela, Navalni foi detido na entrada do prédio e sentenciado a 30 dias de prisão.

Nos arredores do palácio presidencial, os jovens, incluindo muitos menores de idade, eram numerosos na manifestação Foto: AP Photo/Pavel Golovkin

Segundo a polícia, o opositor será apresentado a um juiz por violar as regras de organização de manifestações. O blogueiro, cujos vídeos compartilhados nas redes sociais denunciam a corrupção de elites e oligarcas, convocou protestos em toda a Rússia para hoje, feriado instituído em 1992 para celebrar a declaração de independência.

Em Moscou, a concentração foi autorizada no nordeste da cidade, mas Navalni decidiu, poucas horas antes, transferi-la para a Rua Tverskaya, onde estavam previstas várias atividades relacionadas ao feriado nacional. A via liga o Kremlin à Praça Vermelha. 

Organizadores de mais de 200 cidades pediram autorizações para as manifestações, tentando reviver a oposição popular que estava sonolenta desde a violenta repressão em 2011 e 2012. Houve manifestações nos 11 fusos horários do país. 

Alguns manifestantes se vestiram como cavaleiros medievais e encenaram batalhas históricas com escudos de madeira e espadas, enquanto a multidão gritava “Rússia sem Putin”. 

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Em Moscou, a frase “A corrupção está roubando o nosso futuro” estampava um cartaz ao lado da imagem de um pato amarelo, uma referência a uma fazenda de patos que Navalni diz que o primeiro-ministro Dmitri Medvedev tem. A mídia estatal russa ignorou os protestos.

Segundo Navalni, a prefeitura de Moscou tentou impedir que todos os fornecedores da cidade alugassem um palanque e equipamentos de som para sua equipe. Nos arredores do Kremlin, eram numerosos os jovens e adolescentes que participavam da manifestação. “Queremos uma alternância como em todos os países normais (...). Queremos uma resposta por parte das autoridades”, disse Yegor, de 16 anos, que dizia estar preparado para uma possível prisão.

“Putin está no poder há 17 anos e não pensa em partir”, denunciou Alexandre Tiurin, de 41 anos, durante o protesto na Rua Tverskaya. “Ele usurpou o poder, não existe sociedade civil no país, os tribunais não funcionam, a corrupção se transformou em sistema”, acrescentou.

No último protesto, em 26 de março, milhares de russos, incluindo muitos jovens, foram às ruas em dezenas de cidades da Rússia e Moscou. A concentração ocorreu após a publicação, pela equipe de Navalni, de um vídeo acusando Medvedev de liderar um império imobiliário financiado pelos oligarcas. Na ocasião, a polícia prendeu mais de 1 mil pessoas, incluindo Navalni, que passou 15 dias na prisão. 

Antes das manifestações de hoje, a ONG Human Rights Watch denunciou a pressão por parte das universidades e escolas para dissuadir os jovens a protestar, até mesmo com ameaças de expulsão. No fim de maio, a presidente do Senado, Valentina Matvienko, indicou que o Parlamento estava considerando proibir menores de participar de manifestações não autorizadas, sob pena de sanções contra os pais. / NYT, AFP e REUTERS

Relembre: Confirmada condenação de principal opositor de Putin

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