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75 mil pessoas estão retidas na fronteira entre Jordânia e Síria sem receber ajuda humanitária

Depoimentos mostram que indivíduos sofrem com falta de comida e proliferação de doenças; Anistia Internacional lamenta que autoridades jordanianas bloqueiem comboios

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Por Redação
Atualização:

BEIRUTE - Cerca de 75 mil refugiados estão retidos no deserto na fronteira entre Jordânia e Síria há quase dois meses sem receber ajuda humanitária, denunciou nesta quinta-feira, 15, a ONG Anistia Internacional (AI) em um comunicado.

A organização entrou em contato com algumas das pessoas que se encontram nessa região, conhecida como "berma", que descreveram um panorama desesperador de sofrimento.

Mulheres e crianças sírias voltam a Kobani após tentarem cruzar a fronteira com a Turquia Foto: Bryan Denton/The New York Times

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"A situação na 'berma' oferece uma dura imagem das consequências do lamentável fracasso do mundo na hora de dividir a responsabilidade pela crise global de refugiados. O efeito multiplicador deste fracasso foi que muitos moradores da Síria fecharam suas fronteiras às pessoas refugiadas", disse Tirana Hassan, diretora do Programa de Resposta a Crises da AI.

Hassan ressaltou que a comida é escassa e as doenças se proliferam na "berma", onde inclusive algumas pessoas morreram em decorrência de enfermidades que poderiam ter sido evitadas.

A diretora da AI lamentou que as autoridades da Jordânia tenham bloqueado a entrada de ajuda humanitária ao local e não permitam que os deslocados tenham acesso ao reino.

A chegada de assistência à "berma" era limitado, mas cessou totalmente quando a Jordânia fechou as passagens de Rukban e Hadalat após um ataque no dia 21 de julho no qual morreram sete guardas fronteiriços. Desde então, somente uma carga humanitária chegou à área, no início de agosto, para as mais de 75 mil pessoas retidas ali.

A Anistia Internacional citou como exemplo o caso de Abu Mohammed, que está há cinco meses vivendo no campo informal de Rukban. "A situação humanitária é muito ruim, a situação das crianças concretamente é muito ruim. Temos água para beber, mas quase nada de comida ou leite (...) é horrível", relatou o refugiado.

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"Morreu muita gente (...). Repartiram apenas arroz, lentilhas e um quilo de tâmaras secas, mas era para todo o mês. Não nos deram mais que isso. O ânimo das pessoas em Rukban está abaixo de zero", acrescentou.

A AI lembrou ainda que na próxima semana os líderes mundiais se reunirão em Nova York, nos EUA, em duas cúpulas de alto nível para falar sobre a população refugiada. ONG exige que as potências façam compromissos concretos para acolher uma porcentagem justa de refugiados, aliviando a pressão que sofrem os países que abrigam um grande número deles. Além disso, a Anistia pede que a Jordânia permita a entrada imediata dos refugiados que estão na "berma". / EFE

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