BANGCOC - As autoridades malaias confirmaram nesta sexta-feira, 31, que a peça de avião encontrada na ilha Reunião, no Oceano Índico, pertence a um Boeing 777, mesmo modelo da aeronave da Malaysia Airlines que desapareceu com 239 pessoas a bordo em março de 2014.
Segundo fontes ligadas à investigação na França, para onde o objeto foi enviado, a peça pode pertencer ao voo MH370, mas essa não é uma certeza no momento, como explicou o vice-ministro malaio de Transporte, Abdul Aziz Kaprawi, ao jornal The Star.
Kaprawi disse que um porta-voz da companhia aérea malásia confirmou as evidências ao revisar o número de série do fragmento do flaperon, uma superfície de controle do avião situada na asa que atua como aerofólio, encontrado na quarta-feira ao leste de Madagascar.
A peça de 2 metros de comprimento será enviada nesta sexta a um laboratório especializado da Aeronáutica francesa em Toulouse para ser analisada. O Boeing 777 da companhia aérea malásia desapareceu em 8 de março de 2014 após mudar de rota em uma "ação deliberada", segundo os especialistas, 40 minutos após ter decolado de Kuala Lumpur e alguém ter desligado os sistemas de comunicação.
A bordo do avião viajavam 239 pessoas: 153 chineses, 50 malaios (12 formavam a tripulação), 7 indonésios, 6 australianos, 5 indianos, 4 franceses, 3 americanos, 2 neozelandeses, 2 ucranianos, 2 canadenses, um russo, um holandês, um taiuanês e 2 iranianos.
Na região onde a peça foi encontrada ocorreram outros acidentes aéreos, mas nenhum envolvendo um Boeing 777. O fragmento deve ser identificado rapidamente porque cada peça do avião é numerada.
O escritório especializado em investigação e acidentes da aviação civil francesa (BEA) "se encarregou de coordenar a investigação francesa e a investigação internacional, realizada principalmente por especialistas malaios e australianos", explicou a prefeitura da ilha de Reunião em um comunicado.
Um helicóptero da polícia francesa nesta pequena ilha do Índico vasculhou durante esta quinta-feira a costa em busca de mais destroços, sem sucesso.
Segundo o oceanógrafo francês Joël Sudre, os destroços do avião podem ter viajado do oeste da Austrália até a ilha francesa com a corrente Equatorial do Sul. Nesse caso, imagens de satélite da corrente poderão permitir localizar a zona do acidente.
Famílias. "Enquanto não há provas do acidente, continua a esperança, a ideia de que possa ter pousado em uma ilha. Se for confirmado que essa peça é do avião daremos início a um novo capítulo e nosso luto começará finalmente", declarou por telefone à AFP Ghyslain Wattrelos, que perdeu a mulher e dois filhos no acidente de 2014.
Para os parentes das pessoas que estavam a bordo do MH370, o dilema entre querer encerrar a história e acreditar que seus entes queridos estão vivos em algum lugar segue latente. "Começou tudo de novo, olhar o telefone constantemente à espera de notícias", disse Jacquita Gonzales, mulher do supervisor da tripulação de cabine, Patrick Gomes.
"Temos sentimentos conflitantes. Se for certo, ao menos sei que posso ter paz e dar ao meu marido uma despedida adequada. Mas uma parte em nós ainda tem esperança de que estejam vivos em algum lugar". /AFP e EFE