Manifestantes enfrentam polícia e invadem TV no Paquistão; soldados retomam canal

Grupo liderado pelos líderes da oposição Imran Khan e Tahir ul-Qadri tenta derrubar o governo de Nawaz Sharif

PUBLICIDADE

Por SYED RAZA HASSAN E MARIA GOLOVNINA
Atualização:
Enfrentamentos entre manifestantes e soldados impediram que o canal PTV continuasse seu serviço de informações nesta segunda-feira Foto: Aamir Qureshi/AFP

Soldados paquistaneses e forças paramilitares retomaram a sede da estação estatal de televisão PTV em Islamabad nesta segunda-feira, após uma multidão de manifestantes contrários ao governo ter invadido o prédio e tirado o canal do ar.

PUBLICIDADE

Manifestantes liderados pelos líderes da oposição Imran Khan, um famoso ex-jogador de críquete que virou político, e Tahir ul-Qadri, um clérigo, estão nas ruas há semanas tentando derrubar o governo do primeiro-ministro Nawaz Sharif.

Sharif, que venceu as eleições de maio do ano passado com facilidade, se recusa a deixar o cargo. As manifestações se transformaram em um confrontos violentos no sábado, com pelo menos três pessoas mortas em choques com a polícia.

Novos enfrentamentos irromperam na manhã desta segunda-feira (horário local) e o canal estatal PTV e seu serviço de informações em língua inglesa foram tirados do ar após manifestantes invadirem o prédio.

“Funcionários da PTV fazendo seus trabalhos jornalísticos estão sendo espancados”, disse um âncora de programas noticiosos pouco antes de a tela ter ficado branca.

Uma fonte da PTV disse à Reuters que os manifestantes haviam tomado o controle da principal sala e destruído alguns equipamentos. Mais tarde, fotos na televisão mostraram membros paramilitares uniformizados e soldados andando calmamente no local.

Uma testemunha da Reuters disse que os soldados retiraram os manifestantes e colocaram o prédio sob sua proteção. Não havia sinais de violência e os manifestantes pareciam ter deixado o local pacificamente. A rede de TV voltou ao ar depois.

Publicidade

Em um país com armas nucleares, onde o poder frequentemente mudou de mãos através de golpes militares no lugar de eleições, o Exército deverá ter um papel central nos desdobramentos do conflito, mas ainda não interveio diretamente. Militares apenas se reuniram com os protagonistas e pediram que eles ajam com moderação.

O comandante-chefe do Exército, general Raheel Sharif, encontrou-se com o primeiro-ministro Sharif nesta segunda-feira, disse uma fonte militar que não quis revelar o que foi discutido.

O general pediu no domingo que o governo e líderes da oposição resolvam a crise através de conversas e alertou contra o uso da força para encerrar as manifestação.

Se os protestos ficarem fora de controle e houver grandes episódios de violência, o Exército poderia intervir decisivamente, impondo um toque de recolher e até lei marcial.

Em outro cenário, os militares poderiam aderir aos manifestantes e pressionar a renúncia de Sharif, levando à formação de um governo interino e eleições.

No entanto, poucos observadores acreditam que, nesta altura, o Exército esteja inclinado a tomar o poder novamente.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.