Manifestantes pedem renúncia de Préval

Polícia disparou para o alto e lançou bombas de gás durante os protestos mais violentos desde o terremoto de janeiro

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Por PORTO PRÍNCIPE
Atualização:

Mais de mil haitianos saíram ontem às ruas da capital Porto Príncipe para pedir a renúncia do presidente René Préval e protestar contra seu plano de permanecer no poder por três meses além do mandato normal, que terminaria no dia 7 de fevereiro. A polícia disparou para o alto e lançou bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que responderam com paus e pedras, na frente das ruínas do antigo palácio presidencial, destruído pelo terremoto do dia 12 de janeiro.Pelo menos um manifestante foi ferido por um disparo de arma de fogo, de acordo com o porta-voz da polícia haitiana, Frantz Lerebours.O país mais pobre das Américas é também um dos mais instáveis politicamente, situação agravada pelo desastre que provocou a morte 230 mil pessoas e o deslocamento interno de mais de 1,6 milhão de haitianos. As eleições legislativas de fevereiro foram canceladas e um terço dos senadores, cujo mandato venceu ontem, simplesmente continuou em seus cargos por falta de substitutos.A extensão do mandato presidencial foi aprovada na Câmara há uma semana e ontem pelo Senado. Préval diz que não há condições para que as eleições de novembro ocorram - a sede da Justiça eleitoral foi destruída pelo tremor de 7 graus na escala Richter. No entanto, os críticos do presidente alegam que ele estaria se valendo do desastre para evitar uma vitória da oposição."Préval usa o drama que o nosso país está vivendo para criar uma oportunidade para si mesmo", disse Claudy Louis, professora de 29 anos. "Em vez de olhar para o nosso povo, ele rapidamente mudou as regras para beneficiar um pequeno grupo de burgueses que ficam ao redor dele", acrescentou.Os haitianos também reclamam da proposta de Préval de estender indefinidamente o Estado de exceção, que inicialmente era de 18 meses.Oposição. Ontem, centenas de manifestantes saíram às ruas com cartazes e fotos do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, que deixou o poder em 2004 para exilar-se na África do Sul. Aristide diz que foi vítima de um golpe de Estado liderado pelos EUA e promete voltar ao Haiti. / REUTERS, AFP E EFE.

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