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Manifestantes tailandeses exigem mais diálogo

Por AMBIKA AHUJA
Atualização:

Os manifestantes tailandeses exigiram na quinta-feira mais diálogo com o governo antes de encerrar seus dois meses de protestos, que afetam a economia e o turismo e resultaram nos piores confrontos em 18 anos no país, com um saldo de 27 mortos e mais de mil feridos. Os chamados "camisas vermelhas", seguidores do ex-premiê Thaksin Shinawatra, em geral apoiaram o plano de reconciliação nacional de cinco itens proposto pelo primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva. Mas ainda há milhares de manifestantes acampados em uma área de 3 quilômetros quadrados num bairro sofisticado do centro de Bangcoc, protegendo-se das frequentes chuvas em barracas improvisadas. "Ainda temos problemas com muitas questões", disse Nattawut Saikua, um dos líderes dos protestos, a jornalistas. Segundo ele, um dos principais empecilhos é a data proposta por Abhisit para realizar eleições, 14 de novembro. Os manifestantes queriam a dissolução imediata do Parlamento, com eleições logo em seguida. Os "camisas vermelhas" dizem que o atual governo não tem legitimidade, por ter chegado ao poder numa eleição polêmica, organizada após um golpe militar, 17 meses atrás. Eles criticam a interferência de militares e de aristocratas sem cargos eletivos na política, e veem o bairro ocupado como um símbolo da riqueza inacessível às massas rurais, num dos países mais desiguais da Ásia. Os "camisas vermelhas" querem esperar o resultado de uma reunião dos partidos governistas, na sexta-feira, antes de decidir seus próximos passos, segundo Nattawut. Os manifestantes exigem uma data específica para a dissolução do Parlamento --uma tecnicalidade que analistas dizem que provavelmente se trata de um pretexto para negociar termos melhores ou para ajudar os líderes dos protestos a escaparem de acusações de terrorismo quando o movimento se dissolver. Abhisit diz que a dissolução ocorrerá entre 15 e 30 de setembro, já que a lei exige que isso aconteça 45 a 60 dias antes das eleições. "Eles disseram que entraram no processo de reconciliação, mas mesmo assim não vão para casa", queixou-se Abhisit a jornalistas. "Quero dizer que se eles afinal não forem para casa, não terei de dissolver o Parlamento." Weng Tojirakarn, outro líder dos protestos, disse que "o plano de reconciliação é muito vago, e a promessa de Abhisit é escorregadia". "Temos de assegurar o que estamos conseguindo antes de declarar vitória." (Reportagem adicional de Ploy Ten Kate)

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