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Mapa político: O Brasil fica mais à esquerda

As palavras direita e esquerda têm hoje sentido mais emocional que racional

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Por Helio Gurovitz
Atualização:

Há tantas variáveis na política que as palavras direita e esquerda têm hoje sentido mais emocional que racional. Pesquisadores do Centro de Pesquisas em Ciências Sociais de Berlim decidiram trazer algum grau de objetividade à questão. No Manifesto Project, avaliaram 4.214 programas eleitorais de 1.086 partidos desde 1945, em 56 países e os classificaram segundo 76 critérios, como militarismo, economia, segurança, imigração, nacionalismo, integração regional, liberdades individuais, democracia, corrupção e toda sorte de tema divisivo. 

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A análise permite criar índices comparativos e ordená-los do mais à esquerda ao mais à direita. Ainda não estão disponíveis dados das eleições recentes nos Estados Unidos e na França, mas foram incluídas em agosto as presidenciais brasileiras desde 1994. O resultado não surpreende. Com exceção de Fernando Henrique Cardoso, em 1994, todos os brasileiros apresentaram programas de esquerda – embora Luiz Inácio Lula da Silva e Marina Silva tenham migrado para a direita ao longo do tempo. 

Comparando as propostas dos brasileiros às de outros países, constata-se que, ao menos pelos critérios deles, Marine Le Pen estava à esquerda de Mitt Romney; Marina Silva, à direita de Recep Erdogan; e Nigel Farage, à esquerda de Barack Obama, Aécio Neves e Vladimir Putin. Todos eles, à esquerda de FHC, em 1994, e do mais direitista na base de dados: o israelense Bibi Netanyahu.

A reforma trabalhista de Macron

O presidente da França, Emmanuel Macron Foto: Lionel Bonaventure / AFP

Não é só nos protestos que a reforma trabalhista do presidente francês, Emmanuel Macron (foto), guarda semelhanças com a brasileira. A prioridade são negociações diretas entre patrões e funcionários, sem intermediação dos sindicatos, com regras especiais para pequenas e médias empresas. Fica estabelecido também um critério para as indenizações nas demissões sem justa causa. Antes a critério da Justiça, elas atingiam facilmente centenas de milhares de euros, dificultavam as dispensas e emperravam o mercado de trabalho. Agora, nas grandes empresas, elas atingirão no máximo 20 salários para quem estiver empregado há 30 anos.

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O FGTS daqui ainda sai mais caro Supondo uma inflação anual de 6% e reajuste salarial compatível, uma simulação simples revela que 20 salários é aproximadamente o que um brasileiro acumula depois de 30 anos de contribuição ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), inexistente na França. Mas a nova lei francesa tem duas diferenças em relação à nossa. Primeiro, graças à remuneração de apenas 3%, o governo daqui leva um terço do rendimento do capital nesse período, um imposto disfarçado. Segundo, a empresa que demite ainda paga aqui multa de 40%, elevando o ganho do funcionário para mais de 28 salários.

Nem batendo na porta da igreja Levou dois dias e uma saraivada de ataques nas redes sociais para o pastor Joel Osteen, um pregador do “evangelho da prosperidade”, abrir as portas de sua mega-igreja de 56 mil metros quadrados, em Houston, às vítimas desabrigadas pela tempestade tropical Harvey. “Havia uma questão de segurança”, afirmou Osteen à rede CNN.

Crítico do Google perde o emprego O especialista em monopólios Barry Lynn foi demitido da New America Foundation depois de elogiar a multa de US$ 2,7 bilhões aplicada pela União Europeia ao Google. A New America tem no Google um de seus financiadores, mas nega que isso tenha relação com a demissão.

Fox News sai do ar no Reino Unido O canal americano Fox News, conhecido pelo apoio aos republicanos, saiu do ar no Reino Unido na terça-feira. O motivo alegado foi a baixa audiência, “alguns milhares de espectadores por dia”, informou a Fox.

A censura nas universidades americanas Prossegue nas universidades americanas a censura a conservadores. A Universidade da Pensilvânia chamou de “discurso racista e supremacista” um artigo de dois professores de direito no Philadelphia Inquirer, em que apenas elogiaram a “cultura burguesa” dos anos 1950: “Havia um roteiro recomendado a todos. Casar-se antes de ter filhos e lutar para ficar casados por causa deles. Obter a formação necessária a um bom emprego, trabalhar duro e evitar o ócio. Superar-se pelo empregador ou por um cliente. Ser patriota, pronto a servir o país. Ser bom vizinho, com espírito cívico e caridoso. Evitar palavrões em público. Respeitar autoridades. Desprezar drogas e crime”. Pode?

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