'Marcha não acabou', diz Obama em ato dos 50 anos de Selma

Presidente americano participou neste sábado da comemoração dos 50 anos de marcha por direitos civis, no Alabama, que resultou na Lei do Direito do Voto

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Por Claudia Trevisan e Selma
Atualização:
Presidente americano, Barack Obama (C), lidera travessia da ponteEdmund Pettus, emSelma Foto: Jacquelyn Martin/AP

SELMA, EUA - A marcha iniciada em Selma há 50 anos ainda não está concluída, disse neste sábado, 7, o presidente americano, Barack Obama, em discurso na frente da ponte Edmund Pettus, que simboliza o movimento pelo direito de voto dos negros americanos. Meio século mais tarde, as conquistas dos ativistas que marcharam até Montgomery estão sob ataque e a Lei do Direito de Voto, enfraquecida, declarou a uma multidão estimada em 40 mil pessoas, o dobro da população da cidade.

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“Neste momento, em 2015, 50 anos depois de Selma, existem leis ao redor do país desenhadas para dificultar o exercício do voto”, afirmou o primeiro presidente negro dos EUA. Há dois anos, a Suprema Corte anulou os dispositivos da Lei do Direito de Voto que obrigavam os Estados do sul a buscarem aprovação federal para mudanças na legislação eleitoral – que nos EUA é estadual e não federal.

Depois da decisão, vários Estados aprovaram leis que criam obstáculos para o exercício do voto, como a exigência de documento de identidade com foto. O mais comum é a carteira de motorista, que muitos americanos pobres não possuem.

“Cem membros do Congresso vieram aqui hoje para honrar os que estavam dispostos a morrer para proteger esse direito.” Para Obama, a melhor homenagem que os parlamentares podem realizar é reunir votos suficientes para restaurar a Lei do Direito de Voto.

Outra cidade que recebeu destaque no discurso de Obama foi Ferguson, onde o jovem negro Michael Brown foi morto a tiros por um policial branco em agosto. O presidente rejeitou a narrativa que ganhou força depois do caso de que nada mudou nos EUA no âmbito racial.

“O que aconteceu em Ferguson pode não ser único, mas não é mais endêmico, não é mais autorizado por lei ou costume, e antes do movimento pelos direitos civis, com certeza era”, afirmou Obama. “Não precisamos de Ferguson para saber que isso (a superação do racismo) não é verdade. Nós só precisamos abrir nossos olhos, nossos ouvidos e nossos corações para saber que a história racial desse país ainda projeta uma grande sombra sobre nós”.

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