Marinha brasileira retira embarcações das buscas pelo submarino ARA San Juan

O navio polar Almirante Maximiano retoma trajeto à Antártida e a fragata Rademaker está a caminho do Brasil; mas navio de socorro submarino Felinto Perry continua à disposição da Marinha da Argentina

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Por Roberta Jansen
Atualização:

A Marinha do Brasil informou na manhã desta quarta-feira, 29, que a Marinha da Argentina dispensou na segunda-feira dois dos três navios brasileiros que estavam participando das buscas do ARA San Juan. 

Equipes de EUA e Noruega preparam barco Sophie Siem, que levará minissubmarinos à região onde embarcação argentina desapareceu Foto: AFP PHOTO / PABLO VILLAGRA

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De acordo com os militares brasileiros, o navio polar Almirante Maximiano, que estava na região de buscas desde o dia 19, retomou o trajeto que realizava em direção à estação Antártica Comandante Ferraz antes de ser acionado para as operações para localizar o submarino. 

A fragata Rademaker estava a caminho do Brasil, segundo a Marinha brasileira. O navio de socorro submarino Felinto Perry continua à disposição da Marinha da Argentina.

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As buscas pelo submarino têm se focado na região onde foi detectada uma explosão, no dia 15, quando a embarcação entrou em contato com sua base em Mar del Plata antes de desaparecer. As operações têm se concentrado em um raio de 36 quilômetros dentro da área geral de rastreamento no Atlântico Sul, a cerca de 450 quilômetros da costa da Patagônia.

Fogo

A Marinha argentina considera que a explosão detectada na região em que ocorreu a última comunicação com o submarino pode ter sido causada uma concentração de hidrogênio dentro da embarcação.

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O capitão Enrique Balbi, porta-voz da Marinha da Argentina, afirmou nesta terça-feira, 28, que o submarino ARA San Juan relatou um princípio de incêndio horas antes de desaparecer, mas isso não foi considerado uma emergência nem um defeito grande pelos comandantes que atuavam na base no momento em que a ocorrência lhes foi comunicada.

O submarinoARA San Juan, da Argentina, onde morreram 44 pessoas em 2017. Construído pela Alemanha, o submarinoestava em uso desde1983. Foto: Marinha Argentina, via AP

"Em todas as comunicações telefônicas que ocorreram, em nenhum momento o comandante da unidade ou o comandante superior consideraram esse assunto uma emergência ou um defeito de grande magnitude", explicou Balbi.

Segundo o capitão, o comandante do ARA San Juan, com 22 anos de experiência, também não considerou a situação emergencial. "Se fosse assim, ele teria subido para a superfície e pedido ao comandante para que lhe indicasse um porto."

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O San Juan relatou à 0h30 do dia 15 de novembro, no horário local, uma "entrada de água pelo snorkel", pouco antes de desaparecer. Segundo informações da Marinha argentina, o líquido caiu sobre o sistema de ventilação e uma bateria, provocando um curto-circuito e um princípio de incêndio, com alguma fumaça.

Balbi explicou que esse curto-circuito foi resolvido, e a bateria com defeito foi isolada. O submarino então teria seguido em imersão para a base de Mar del Plata, em sua trajetória original.

Apesar de os problemas com as baterias do submarino já serem conhecidos, até então não havia detalhes da situação.

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Na noite da terça-feira, a imprensa argentina divulgou o texto dessa comunicação, enviada do submarino pelo capitão Claudio Javier Villamide.

Em resposta às crítica que a Marinha argentina sofreu por não ter divulgado a mensagem, que foi revelada pela imprensa local, Balbi afirmou que o defeito tinha sido informado há mais de uma semana. No entanto, os militares não podiam falar publicamente sobre o problema porque isso descumpriria a legislação do país. / COM EFE

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