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May apela à oposição para se manter no cargo

Cresce a oposição dentro do Partido Conservador à liderança da premiê e negociador do Brexit ganha força por ser mais próximo da linha-dura

Por Andrei Netto CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

PARIS - Enfraquecida pela vitória sem maioria nas eleições de 8 de junho, a primeira-ministra britânica, Theresa May, enfrenta um levante dentro do Partido Conservador e está ameaçada de substituição pelo ministro do Brexit. David Davis representa a linha dura da legenda nas negociações com a União Europeia e tem cada vez mais apoio para assumir o governo.

Há um ano no poder, May fará um discurso ao Parlamento hoje no qual pedirá apoio aos partidos de oposição, incluindo o Trabalhista, para enfrentar as negociações para o Brexit. 

Depois de perder maioria legislativa em eleição parlametnar, aprimeira-ministra britânica, Theresa May, deve suavizar posição e aceitar debater o Brexit com partidos de oposição Foto: EFE/Stephanie Lecocq

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Segundo o diário Guardian e a BBC, que tiveram acesso a trechos do discurso, a primeira-ministra pedirá aos partidos de oposição que contribuam, e não apenas critiquem. O objetivo político da declaração é passar a imagem de união nacional e fazer com que o líder de oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, também seja responsável pelas negociações do Brexit. “Em um momento crítico de nossa história, nós podemos ser tímidos ou podemos ser ousados”, dirá a premiê.

Corbyn ironizou a tentativa de aproximação da premiê e pediu a realização de novas eleições. Se a primeira-ministra quiser, eu ficarei feliz em lhe fornecer uma cópia de nosso programa eleitoral - ou melhor ainda, uma eleição antecipada, para que as pessoas do país possam decidir melhor”, disse.

Depois de defender uma negociação dura com a União Europeia em torno das condições do divórcio entre Londres e Bruxelas, Theresa May mudou de posição após o relativo fracasso eleitoral e agora busca o mais amplo consenso nacional em torno do tema. 

O discurso vem sendo encarado em Londres como uma tentativa de Theresa May de relançar seu governo, após a vitória amarga na eleição parlamentar. O resultado abalou a liderança de May, cada vez mais contestada internamente no partido. 

Ontem, representantes do grupo mais eurocético do Partido Conservador, conhecidos como “Angry Tories” - ou “ Conservadores raivosos” - criticaram o discurso de Theresa May. Um exemplo foi Brandon Lewis, ministro da Imigração, que afirmou via Twitter que os Trabalhistas “não têm nada a oferecer”, em uma crítica direta ao pedido de ajuda da premie.

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Para analistas, May parece de fato não ter um plano concreto de negociações. “Os pontos fortes do governo do Reino Unido são menores do que antes das eleições gerais e suas fraquezas são maiores”, afirmou Tony Travers, da London School of Economics. 

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