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Médicos de Alepo escrevem carta a Obama relatando desespero diante da violência na Síria

Profissionais descrevem sentimento de impotência frente à morte de civis e afirmam que situação é desesperadora

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Por Redação
Atualização:

ALEPO, SÍRIA - Os últimos médicos em exercício nos bairros rebeldes de Alepo descreveram em uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sua impotência diante da morte, num momento de violentos combates entre o regime sírio e os insurgentes.

A Turquia, por sua vez, propôs à Rússia realizar operações conjuntas na Síria contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI), embora Ancara e Moscou tenham mantido posturas totalmente opostas com relação ao assunto.

O aumento da violência em Alepofez desmoronar o primeiro acordo importante de "cessação das hostilidades" da guerra, patrocinado por Washington e Moscou e que estava em vigor desde fevereiro Foto: AFP PHOTO / AMEER ALHALBI

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A força aérea russa atacou na quinta-feira o reduto da organização em Raqqa, deixando 30 mortos, em sua maioria civis. Em uma carta aberta, 15 dos 35 médicos ainda presentes nos bairros sob controle dos insurgentes alertam que a situação será desesperadora para os civis se o regime do presidente sírio Bashar Assad impuser um novo cerco.

No sábado, uma aliança de rebeldes islamistas e insurgentes jihadistas conseguiu romper três semanas de um cerco que provocou um aumento vertiginoso nos preços dos produtos básicos.

Para os médicos, no entanto, a situação continua sendo desesperadora. “Sem a abertura permanente de uma rota de abastecimento, as forças do regime nos cercarão novamente em pouco tempo, a fome se propagará e os produtos dos hospitais se esgotarão completamente”, advertem. “Não precisamos de lágrimas, nem compaixão, nem orações. Demonstrem simplesmente que são amigos dos sírios.”

Um dos signatários da carta, Abu Baraa, explicou que a falta de equipamentos e de cuidados provocou “a morte de crianças e de feridos” em seus braços. “Em razão das capacidades limitadas, somos obrigados a assistir a agonia das crianças”.

Atualmente, 250 mil pessoas vivem nas zonas rebeldes e 1,2 milhão nos bairros controlados pelo governo na cidade de Alepo, um dos principais alvos de um conflito que já deixou mais de 290 mil mortos desde março de 2011.

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Dor. “O que mais nos dói, como médicos, é ter que escolher quem viverá e quem morrerá”, escrevem os profissionais. “Crianças jovens chegam à emergência com ferimentos tão graves que devemos priorizar aquelas que têm mais chances de sobreviver”, acrescentam. “E, por vezes, nem temos o material necessário para ajudá-las”.

Insurgentes e fiéis a Assad se preparam para uma nova batalha com o objetivo de controlar a cidade. O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) convocou na quinta-feira “todas as partes envolvidas no conflito a garantir a segurança e a dignidade dos civis, incluindo as famílias (…), submetidos a bombardeios constantes, violência e deslocamentos”.

Os violentos combates e bombardeios noturnos diminuíram de intensidade às 7h locais (4h em Brasília), mas não cessaram. Eles se concentram no sul de Alepo, região que o regime tenta tomar dos rebeldes, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

O Exército turco anunciou esta semana que a partir de quinta abriria uma “janela humanitária” e suspenderia seus bombardeios todos os dias das 7h às 10h locais “para garantir a segurança total das fileiras (de veículos) que entram em Alepo”.

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No entanto, segundo um correspondente da agência de notícias France-Presse em Alepo, nenhum tipo de abastecimento chegou à cidade, já que os combates se concentram na estrada que os rebeldes abriram no sábado para romper o cerco.

Por outro lado, na região de Raqqa ao menos 30 pessoas, em sua maioria civis, foram abatidas e outras 70 ficaram feridas na quinta-feira em 10 bombardeios russos, informou o OSDH. A Rússia, aliada do regime do presidente sírio, afirmou que “destruíram uma fábrica de armas químicas dos subúrbios do nordeste da cidade”. / AFP

Veja abaixo: Vídeos mostram que tragédia humanitária segue na Síria

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