Membros do TPP isolam Washington e retomam acordo

Reunidos no Vietnã, 11 países anunciam acerto sobre pontos básicos para avançar sem os EUA, que representavam 60% do PIB do bloco

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Por Redação
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DANANG, VIETNÃ - Onze países asiáticos ou ligados ao Oceano Pacífico acertaram neste sábado, 11, as bases para concluir a Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), da qual Donald Trump decidiu retirar os EUA. Japão e Austrália mostraram-se como os mais interessados em manter o acordo, enquanto o Canadá apresentava pontos de resistência ligados a questões ambientais e trabalhistas.

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O anúncio de um consenso para levar o pacto adiante foi feito por representantes dos onze países: Brunei, Chile, Nova Zelândia, Cingapura, Austrália, Canadá, Japão, Malásia, México, Peru e Vietnã.

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A resistência do Canadá durante as negociações estava ligada ao acréscimo de condições que vão além do comércio. Questionado sobre o tema, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou que ainda era necessário “mais trabalho” para concluir o pacto Foto: Adrian Wyld/The Canadian Press via AP

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O ministro de Comércio japonês, Toshimitsu Motegi, afirmou que o acerto “manda uma mensagem positiva e muito forte para os EUA e outros países da região Ásia-Pacífico”. As negociações avançaram paralelamente ao Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), no Vietnã, com 21 economias que representam 60% da riqueza mundial.

“O TPP-11 segue sendo o acordo comercial mais importante dos últimos 20 anos, excetuando a União Europeia”, afirmou Deborah Elms, analista do Asian Trade Centre de Cingapura. Segundo ela, o pacto tem relevância por lidar não só com mercados de bens, mas de serviços e investimentos.

O acordo, assinado em 2016 na Nova Zelândia, ficou comprometido com a saída dos EUA, que representavam 60% do PIB do grupo. Desde então, houve quatro rodadas de negociações com os países remanescentes. O primeiro rascunho do acordo, impulsionado por Barack Obama, foi aprovado em 2015. Com os EUA, o grupo representava 40% da economia mundial.

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Trump reforçou na sexta-feira no Vietnã que seu país “não voltará a entrar em grandes acordos que amarram as mãos” e disse preferir pactos diretos. “Farei acordos bilaterais com qualquer dos países da região que queira ser nosso parceiro e respeite os princípios de comércio justo e recíproco”, disse, insistindo que não deixaria os demais “se aproveitarem” da economia de seu país.

O presidente americano é criticado por perder a oportunidade usar o bloco como contraponto à influência da China, outra grande potência econômica da região não convidada para participar do grupo. 

Ressalvas

A resistência do Canadá durante as negociações estava ligada ao acréscimo de condições que vão além do comércio, com aumento de normas que exijam cumprimento de exigências ambientais e respeito a leis trabalhistas comuns – itens que têm impacto no custo de produção.

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Questionado sobre o tema, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou que ainda era necessário “mais trabalho” para concluir o pacto. Trudeau disse que uma proposta anterior foi recusada justamente porque não era clara o suficiente sobre questões como direitos trabalhistas, proteção ambiental, questões de gênero e comércio de veículos. 

Para alguns países latino-americano, o TPP-11 – o nome formal do novo pacto é Acordo Transpacífico Abrangente e Progressista (CPTPP) – é crucial. O México, por exemplo, tenta diversificar seu comércio para fugir da grande dependência dos EUA. Há expectativa de que o novo acordo possa ser assinado em janeiro em Buenos Aires, durante a reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC). / AP, AFP e EFE

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