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Menina síria que escreve sobre drama em Alepo quer falar para o mundo em nome das crianças da região

Bana Alabed se tornou símbolo da tragédia na cidade síria; para governo de Assad, jovem é manobra de propaganda

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Por Redação
Atualização:

ANCARA - A menina síria de 7 anos que tuitava sobre sua vida em meio aos bombardeios no leste da cidade síria de Alepo disse na quinta-feira que quer falar para o mundo inteiro em nome das crianças da região devastada pela guerra. "Queremos que o mundo ouça a voz das crianças de Alepo", explicou Bana. "Falamos dos bombardeios e tuitamos para que as pessoas vejam a guerra."

Após abandonar Alepo na segunda-feira, Bana Alabed e sua família foram acolhidos em Ancara, onde a menina conversou no dia anterior com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. "Tenho medo da guerra, porque ele (o presidente sírio, Bashar Assad) quer nos matar. Tenho muito medo. Tenho medo por meus irmãos, tenho medo por meus pais", afirma Bana.

Pelo Twitter, Bana Alabed narra a situação na cidade síria de Alepo Foto: Reprodução

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Com mais de 364 mil seguidores no Twitter, Bana se tornou um símbolo da tragédia síria. Ela e sua mãe publicam mensagens descrevendo a rotina de destruição na cidade e sua luta para sobreviver. Contudo, os relatos estão cercados por algumas polêmicas, já que há dúvidas com relação ao sinal de internet obtido, por exemplo, em meio à destruição da cidade para a jovem ter acesso às redes sociais.

Para o governo sírio, ambas são uma manobra de propaganda e alguns chegaram a afirmar que a conta no Twitter em nome de Bana Alabed era falsa. "Penso que os que dizem isso são invejosos. Sabem que somos reais. Simplesmente querem nos fazer sentir mal", explicou a jovem.

"Nossa vida em Alepo era um inferno", contou Fatemah, mãe de Bana. "Não podíamos fazer nada, nossas crianças não podiam ir à escola”, descreve ela. “Não podíamos dormir, caíam bombas por todas as partes. Não podem imaginar o que era a vida lá. Estávamos cercados, não tínhamos o que comer e não havia água potável. Não podíamos ir ao hospital porque nos bombardeavam.”

Fatemah contou que a ideia de criar uma conta no Twitter veio da filha quando lhe perguntou: "Mamãe, por que ninguém sabe o que acontece aqui? Por que ninguém nos ajuda?”.

"Decidimos criar a conta no Twitter para garantir que o mundo todo ouvisse a voz das crianças e nos ajudasse, para que prestassem atenção nos sofrimentos de Alepo", explicou Bana.

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Ao menos 15 mil crianças faleceram no conflito sírio, que já deixou 310 mil mortos desde 2011. / AFP

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