BERLIM - A chanceler alemã, Angela Merkel, enfrentou críticas de membros do seu próprio partido conservador nesta quinta-feira, 8, por fazer concessões a seus parceiros de coalizão, o Partido Social-Democrata (SPD), para fechar uma aliança de governo.
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Merkel, que lidera a União Social-Cristã (CDU), cedeu o Ministério das Finanças ao SPD em um acordo de coalizão finalmente alcançado na quarta-feira, mais de quatro meses depois de uma eleição nacional na qual os dois blocos perderam apoio.
“Eu acho que a formação do gabinete, como está agora, é um erro político”, disse Christian von Stetten, um parlamentar da CDU que representa interesses do mercado, à emissora ARD, acrescentando que isso se aplica particularmente à entrega da pasta financeira.
Para Von Stetten, quando Wolfgang Schäuble, responsável de Finanças nas duas últimas legislaturas, viajava à Europa "sempre se podia confiar que negociava em favor dos alemães e deixou claro que não pode haver concessões sem contrapartidas".
"Agora existe o risco que, com um ministro das Finanças do SPD (Partido Social-Democrata), se mova mais a política europeia do SPD no Ministério", advertiu ele, em referência à aposta dos social-democratas em uma Europa mais solidária que apoie os investimentos a favor do crescimento.
De acordo com o deputado conservador, a pessoa que previsivelmente ocupará o posto, Olaf Scholz, é "um parceiro negociador em que se pode confiar", mas "em última instância é crucial que tenha na sua mão os fios do Ministério e em que entorno político se move".
A mudança no Ministério das Finanças mostra o alto preço que os conservadores precisaram pagar para renovar a “grande coalizão” com o SPD, que tem governado a Alemanha desde 2013, e garantir o quarto mandato de Merkel.
O jornal alemão Bild disse que a líder alemã se vendeu. “Chanceler a qualquer custo”, escreveu em sua primeira página. “Merkel dá o governo de presente ao SPD.”
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Sob o acordo de coalizão, o SPD manterá o controle dos ministérios das Relações Exteriores, Justiça e Trabalho, entre outros, além de ganhar a pasta das Finanças.
Julia Kloeckner, aliada de Merkel, defendeu o acordo. “Nós mantivemos nossas principais promessas da campanha eleitoral”, disse à emissora Bayerischer Rundfunk. “Para as famílias, há significativamente mais apoio. Nós vamos manter as finanças estáveis. Não haverá nenhuma dívida nova, mas também nenhum aumento de impostos.” / REUTERS e EFE